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Seca dos IPOs: Brasil pode voltar para circuito das ofertas públicas no final do ano, diz especialista da EY

28 jul 2024, 12:00 - atualizado em 26 jul 2024, 12:11
Ibovespa ipos
As listagens de ofertas públicas (IPOs) diminuíram 12% em todo o mundo, passando de 624 para 551 nos primeiros seis meses do ano. (Imagem: Money Times)

O Brasil vive o seu período mais longo sem ofertas públicas (IPOs). A última foi da fabricante de fertilizantes Vittia (VITT3), que estreou na bolsa de valores em setembro de 2021. No entanto, a expectativa é de que o período de seca termine no final de 2024 ou ao longo de 2025.

“O Brasil ainda almeja uma redução da taxa de juros para taxas que se aproximem de um dígito. Se isso continuar, as condições poderão se tornar favoráveis ​​para empresas bem estabelecidas se preparem e retomarem as negociações, adotando antecipadamente o rigor e a transparência de uma companhia pública”, afirma Rafael Alves dos Santos, sócio e especialista em IPO na EY.

Segundo um estudo da consultoria, as listagens de ofertas públicas (IPOs) diminuíram 12% em todo o mundo, passando de 624 para 551 nos primeiros seis meses do ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. No período, o rendimento caiu 16%, de US$ 62,5 bilhões para US$ 52,2 bilhões.

O levantamento aponta que parte da queda é motivada pela baixa na região da Ásia-Pacífico, que apresentou redução de 43% na quantidade de ofertas públicas — de 377 para 216. A região dos países localizados na região sudeste da Ásia, Oceania, sudoeste da Índia e China viu o rendimento cair em 73% de US$ 39,1 bilhões para US$ 10,4 bilhões.

“O mercado da Ásia-Pacífico atravessou por uma confluência de ventos contrários, incluindo tensões geopolíticas, eleições, abrandamento econômico (particularmente na China continental e Hong Kong), taxas de juro elevadas e uma seca de liquidez no mercado, o que tornou os investidores cautelosos”, avalia Santos.

Na outra ponta, as regiões das Américas tiveram um semestre mais positivo. Segundo os dados, foi registrado um crescimento de 12% no número de IPOs e de 67% em receita, totalizando 86 ofertas públicas e uma arrecadação de US$ 17,8 bilhões no primeiro semestre deste ano.

O cenário positivo se repete na região da Europa, Oriente Médio e África com um crescimento de 46% na quantidade de ofertas públicas e de 89% em arrecadação, totalizando 249 IPOs e um montante de US$ 24 bilhões no primeiro semestre de 2024.

Confira os setores que mais fizeram IPOs

Os setores da saúde, das ciências da vida e da tecnologia são os mais prósperos e com mais potencial de uma oferta pública. No entanto, Santos lembra que, independentemente do setor, os investidores continuam a preferir empresas com um bom histórico, escala significativa e rentabilidade comprovada.

No primeiro semestre de 2024, os setores industriais, tecnológicos e de materiais lideraram a emissão global de IPOs, com 115 (21%), 102 (19%) e 62 (11%), respectivamente. Entretanto, os setores da tecnologia, da saúde e das ciências da vida e da indústria lideraram as classificações de receitas na seguinte ordem: US$ 10,8 bilhões (21%), US$ 8,9 bilhões (17%) e US$ 7,9 bilhões (15%).

“A Índia dominou em termos de volume de negócios, entretanto, os Estados Unidos segue sendo o lar de muitas das principais empresas mundiais de tecnologia e cuidados de saúde, além de um forte ecossistema para startups”, afirma o especialista.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
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