Mercados

SVB e Signature Bank: Falências impõem dia sangrento para bancos; mercado de títulos tem pior sequência em mais de 35 anos

13 mar 2023, 14:48 - atualizado em 13 mar 2023, 15:24
Mercados globais
Mercados americanos começam uma semana agitada de (Imagem: REUTERS/Andrew Kelly)

Os mercados começam a semana mergulhados no turbilhão de uma crise de confiança que atinge em cheio os bancos de médio porte dos EUA.

Após o Silicon Valley Financial Group (SIVB) ter declarado falência na sexta-feira (10), ontem foi a vez da Corporação Federal Asseguradora de Depósitos (FIDC, na sigla em inglês) intervir no Signature Bank para garantir aos depositantes o acesso integral ao dinheiro, já que o banco focado em criptoativos também perdeu a sua capacidade de liquidez.

À espreita dos mercados, cresce o temor de uma terceira falência em menos de três dias. Trata-se do First Republic Bank (FRC), outro banco regional, que desde sexta-feira entrou numa espiral descontrolada de queda.

O papel do banco chega a derreter mais de 70% na Nasdaq, além de ter a sua negociação suspensa no início do pregão. Outras instituições do mesmo porte, como o Western Alliance Bancorporation (WAB) e o PacWest Bancor (PACW) entraram na rota da sangria e perdiam, respectivamente, 40% e 30%.

Os “bancões”, potenciais beneficiários competitivos da “quebradeira” dos bancos regionais operam também sob suspeição dos investidores. Por volta das 14h30, o Wells Fargo (WFC) tomba 6,29%, o Goldman Saschs (GS) cai 3,29%, o Bank of America (BAC) perde 4,12% e o JP Morgan (JPM) cede 1,79%.

Governo e Fed  resgatam clientes do SVB e do Signature

Buscando estancar a crise dos bancos regionais, o governo americano, o FIDC e o Federal Reserve anunciaram, em conjunto, uma medida excepcional que permite a todos os clientes, segurados ou não, receber o valor total existente em depósitos dos bancos insolventes (SVB e Signature).

Para se ter ideia, somente no Signature, 90% dos US$ 89 bilhões em depósitos do banco não estavam segurados pela autoridade regulatória americana.

Além disso, o Federal Reserve anunciou um novo mecanismo para facilitar o financiamento de instituições “elegíveis” para assegurar que “os bancos tenham a habilidade de suprir as necessidades de todos os seus depositantes”.

O BC norte-americano ainda disse que está “preparado para endereçar qualquer crise de liquidez que possa surgir no horizonte”.

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Uma reviravolta no caminho dos juros?

A possibilidade de que o Federal Reserve tome medidas de estímulo ao setor bancário, como, por exemplo, a concessão de empréstimos a instituições pouco líquidas a taxas menores, já impacta a expectativa dos juros no mercado de títulos americanos.

No mercado das Treasuries americanas, há queda substancial dos rendimentos dos títulos de curto e longo prazo, com especial destaque para as T-bills de 2 anos, que perdem 440 pontos-base (0,44 ponto-percentual) entre hoje e o último fechamento do mercado, na sexta-feira. Trata-se da pior queda para este mercado desde 1987.

Segundo coloca a repórter Lisa Abramowicz, da Bloomberg, operadores já começam a projetar um corte na taxa terminal dos juros americanos de 5,7%, considerada mais provável até um dia antes do colapso do SVB, para 4,8%.

A projeção de cortes nos juros exerceu algum alívio sobre as ações dos EUA, com os três principais índices operando no azul na parte da manhã. Já neste momento, no entanto, apenas o Nasdaq (+0,62%) continua positivo, com S&P 500 (SPX) e o Dow Jones Industrial Average (DJIA) cedendo, respectivamente, 0,06% e 0,12%.

Jan Hatzius, economista do Goldman Sachs, disse em nota publicada no domingo que o banco não vê um novo aumento de juros na reunião de março do Comitê Federal de Capital Aberto (Fomc), citando “estresse no setor bancário”.

Apesar do palpite “ultra dovish” do Goldman, as apostas do Fed Funds ainda favorecem, com ampla maioria (79%), um avanço de 0,25 ponto percentual na taxa de juros a partir da reunião dos dias 21 e 22 de março. Apenas 21% prevê uma taxa inalterada.

Diante do temor de um risco sistêmico, 0% das apostas pensa ser possível um aumento de 0,50 ponto-percentual, cenário que contava com 40,2% de chance um dia antes da falência do SVB.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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