Internacional

Taiwan: 5 pontos para observar na tensão EUA-China

03 ago 2022, 17:45 - atualizado em 03 ago 2022, 17:45
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Visita de Pelosi a Taiwan não deve resultar em guerra – ao menos até que um desses cinco pontos não mudem (Imagem: REUTERS/Aly Song)

Os mercados assistiram ao vivo ontem o pouso de Nancy Pelosi em Taiwan, escalando a tensão geopolítica entre Estados Unidos e China. Agora que a presidente da Câmara dos Representantes já deixou a ilha, o que é preciso estar atento?

Ainda que a atenção de muitos nos mercados sobre a questão de Taiwan não dure, o clima hostil entre EUA e China deve durar muito mais do que esta semana. Os ativos de risco tendem a ficar sujeitos à volatilidade. 

Ainda assim, a visita de Pelosi a Taiwan não deve resultar em uma guerra em grande escala, pelo menos por enquanto. Mas essa limitação tende a ser reduzida ou superada, tornando mais provável um conflito maior, se alguns dos cinco pontos listados mudarem o jogo:

1- Pequim realizará exercícios militares na região entre 4 e 7 de agosto. 

Para o ING, os testes de mísseis são uma demonstração da postura política da China em relação aos EUA e Taiwan.

“Resta saber o que acontece depois disso”, ressalta o estrategista global do Rabobank, Michael Every, em relatório.

Para ele, a China deve agir para fazer pessoas como Pelosi entenderem que Taiwan não é um lugar onde podem visitar à vontade. “Já que, talvez outros políticos ocidentais tentarão seguir o rastro dela”, pondera.

2- Guerra econômica

Não houve uma resposta militar imediata por parte da China. Mas a visita de Pelosi a Taiwan já provocou alguma retaliação econômica.

Uma empresa chinesa de baterias adiou a decisão de construir uma fábrica nos EUA. Ao mesmo tempo, a China proibiu a importação dos famosos biscoitos taiwaneses.

“Agora parece muito improvável que os EUA retirem quaisquer tarifas sobre produtos chineses”, avalia o ING. Com isso, os custos para fazer negócios devem subir ainda mais.

E isso é negativo para as perspectivas de crescimento global. Para o Rabobank, o problema em relação a uma ameaça de guerra econômica é para ambos os lados..

3- Quarta Crise do Estreito de Taiwan

A visita a Pelosi corre o risco de se transformar rapidamente em uma crise do Quarto Estreito de Taiwan

Para a equipe de geopolítica do BCA Research, existem três razões principais para uma nova crise por causa da questão de Taiwan.

São elas: a reversão da China a uma política externa agressiva; a tentativa de reafirmação de autonomia por parte de Taiwan e a instabilidade política dos EUA.

Vale lembrar que a Primeira Crise do Estreito de Taiwan, ocorrida entre 1954 e 1955, foi uma luta aberta entre a China e Taiwan, que só acabou após o temor nuclear dos EUA. A Segunda Crise, em 1958, teve a mesma rodada de combates e desfecho. 

Mais recente, a Terceira Crise (1995-96) viu a China lançar mísseis e os EUA enviaram um porta-aviões para forçar a China a recuar. Agora, as duas potências estão próximas de uma potencial Quarta Crise do Estreito de Taiwan.

“Qual seria a resolução para uma Quarta Crise, diante de uma China muito mais forte?”, indaga Every, do Rabobank. “Os porta-aviões dos EUA seriam capazes de intimidar, ou a saída seria uma escalada nuclear?”, enumera. 

Para ele, as contramedidas da China não serão pontuais voos regulares da força militar chinesa no “espaço aéreo” de Taiwan. “Será um claro recado de que os Estreitos de Taiwan não são águas internacionais”, prevê o estrategista do banco. 

4- Processo de reunificação

Diante dos passos dados por forças externas em território chinês, como os de Pelosi, mais rápido a China deve promover o processo de reunificação nacional completo.

A China afirma que quer conseguir isso por meios pacíficos, mas a tentativa tende a aumentar as tensões geopolíticas. Em contrapartida, Taiwan pode se mover em direção à independência formal.

Vale lembrar que a China considera Taiwan uma província rebelde, que serviu de refúgio aos nacionalistas derrotados pelos comunistas em 1949. Desde então, Taiwan desfruta de um governo próprio, mas Pequim busca uma reunificação pacífica nos moldes do lema “um país, dois sistemas”, aplicado em Hong Kong desde 1997. 

5- Eventos políticos

O Partido Comunista Chinês (PCCh) realiza em outubro o 20º Congresso Nacional. Realizado a cada cinco anos, o evento político tende a confirmar um inédito terceiro mandato para um presidente chinês ao presidente Xi Jinping.

Menos de um mês depois, no início de novembro, acontecem as eleições de meio de mandato (midterm elections) nos Estados Unidos. A disputa pelos assentos no Congresso pode desfazer a “onda azul”, que elegeu Joe Biden dois anos atrás.

Por fim, Taiwan enfrenta eleições em 2024. A atual presidente, Tsai Ing-Wen, venceu as duas últimas disputas, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo.

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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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