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Tatiana Pimenta: como cuidar da saúde mental e evitar a Síndrome de Burnout?

04 maio 2021, 16:46 - atualizado em 04 maio 2021, 16:46
Burnout estresse
O estresse crônico no ambiente de trabalho é uma questão muito séria (Imagem: Pixabay/Sammy-Williams)

A síndrome de burnout é uma condição caracterizada pelo esgotamento mental, psicológico e físico de profissionais. Esta exaustão extrema foi classificada como enfermidade pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, a partir de 2022, estará inclusa na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11).

Em outras palavras, o estresse crônico no ambiente de trabalho é uma questão muito séria e deve ser tratada com cautela pelos gestores. A Associação Internacional de Manejo do Estresse (ISMA) apontou que somente no Brasil cerca de 72% dos profissionais possuem alguma sequela oriunda do estresse.

Ambientes de trabalho desagradáveis, ferramentas de trabalho obsoletas, alta competitividade, longos expedientes, ausência de feedback, comunicação interna ineficiente, desrespeito com a vida particular dos trabalhadores, falta de espírito de equipe e tarefas tediosas são alguns dos elementos que corroboram para o burnout de profissionais.

Negro Negra Mercado de trabalho
Ambientes de trabalho desagradáveis, alta competitividade, longos expedientes são motivos para s síndrome (Imagem: Unsplash/@heylagostechie)

Como se pode ver, nem todos tem ligação direta com à função desempenhada na organização ou à qualidade das relações interpessoais. Processos internos ineficazes, a desorganização dos gestores e a postura imprópria de superiores também causam impacto negativo na saúde mental dos trabalhadores.

Sendo assim, o que é necessário para cuidar da saúde mental dos profissionais?

Primeiramente, um olhar minucioso para os mínimos detalhes dos processos organizacionais e aspectos normalmente ignorados da cultura organizacional.

Quando os trabalhadores de uma organização caem na rotina, eles se acostumam com os elementos desgastantes do ambiente de trabalho. Isso não significa, contudo, que não sentem desconforto. Eles somente aprendem a ignorá-lo para dar continuidade à rotina.

Em algum momento da vida profissional desses trabalhadores, o acúmulo de estresse e a insatisfação se tornarão insustentáveis. A síndrome de burnout normalmente acompanha outras condições de saúde, como depressão, ansiedade generalizada, pressão alta, gastrite, enxaqueca e até disfunções sexuais.

Essas doenças não prejudicam somente a qualidade de vida dos colaboradores, mas também afetam negativamente a imagem das empresas e o trabalho desenvolvido. Afinal, quem gostaria de trabalhar em um ambiente que deixa as pessoas doentes?

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Essas doenças não prejudicam somente a qualidade de vida dos colaboradores (Imagem: Pixabay/silviarita)

Além disso, não são todos os profissionais que esperam o esgotamento chegar. Muitos deixam a organização antes disso, elevando o índice de turnover e dificultando o processo de estruturação de equipes.

Por isso, os gestores devem estar atentos para os pequenos pontos disfuncionais presentes nas relações interpessoais, na comunicação interna, na delegação de tarefas e todos os aspectos que compõem o fluxo de trabalho da organização.

1.     Identificar pontos fracos

Gestores devem passar um pente fino no organograma e nos processos internos da empresa para identificar pontos fragilizados. Para ajudar a coletar informações, podem desenvolver questionários sobre a qualidade do trabalho e fazer reuniões com os departamentos.

Em seguida, podem transferir todos os dados para um documento e deixá-lo sempre atualizado. A partir das suas descobertas, os gestores conseguem identificar o que precisa ser modificado, o que pode ser mantido e o que pode causar problemas no futuro. Essas informações facilitam a elaboração de estratégias para evitar a síndrome de burnout.

2.     Encorajar o cuidado com a saúde mental

Ainda são poucas as pessoas que reconhecem a importância de cuidar da saúde mental. A maioria começa a fazer terapia somente quando não aguenta mais conviver com o estresse, depressão e ansiedade. A cultura de prevenção de transtornos mentais ainda é escassa.

Assim, encoraje os trabalhadores a cuidarem de si mesmos.

“Encoraje os trabalhadores a cuidarem de si mesmos”, diz Tatiana Pimenta (Imagem: Divulgação)

Elabore produtos de comunicação interna com informações relevantes sobre o assunto, leve psicólogos para palestrar na empresa, faça reuniões ou encoraje a realização de reuniões dentro dos departamentos para dar espaço para os trabalhadores se expressarem sobre o trabalho, incentive a leitura de conteúdos enriquecedores sobre saúde mental e considere contratar um psicólogo organizacional.

Deste modo, os profissionais, aos poucos, passarão a olhar para si mesmos e compreender a importância de aliviar o estresse do dia a dia.

3.     Modificar a cultura organizacional

É claro que os gestores não devem esperar que os trabalhadores ajam por conta própria. A cultura organizacional como um todo deve mudar para corresponder às novas visões dos colaboradores sobre saúde mental.

Caso contrário, não adianta incentivá-los a cuidarem de si mesmos para barrá-los com ideias contrárias, censuras ou processos que dificultam a satisfação de suas necessidades.

Uma cultura organizacional que valoriza a saúde mental é composta por acessibilidade, comunicação eficiente e livre de ruídos, feedback, reconhecimento de feitos, respeito mútuo, compreensão das necessidades dos trabalhadores, programas de mentoria e valores que promovem a união. Para alcançar este cenário, os gestores também devem estar dispostos a mudar.

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Uma cultura organizacional que valoriza a saúde mental é composta por acessibilidade, comunicação eficiente e livre de ruídos (Imagem: Pixbabay/089photoshootings)

4.     Estreitar laços entre departamentos

A qualidade dos relacionamentos interpessoais também merece ser avaliada. Se o convívio social for desagradável, os trabalhadores terão dificuldade para encontrar razões para se tornarem membros valiosos da empresa. Eles podem simplesmente encontrar um ambiente profissional mais agradável.

As relações sociais nas empresas são complexas. Diversos sentimentos estão presentes – arrogância, hesitação, insegurança e soberba. Eles incentivam múltiplos comportamentos e nem sempre eles são adequados. Um trabalhador arrogante, por exemplo, desestrutura a equipe inteira com a sua postura.

Assim, os gestores devem interferir ligeiramente para fazer as mediações necessárias, tais como conversar com os trabalhadores com conflitos evidentes, promover eventos para incentivar o estreitamento de laços e fazer reuniões de equipe.

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Os gestores devem interferir ligeiramente para fazer as mediações necessárias (Imagem: Pixabay)

5.     Focar na satisfação dos trabalhadores

Profissionais satisfeitos não veem problema em deixar as suas residências todos os dias para trabalhar e interagir com colegas. Por outro lado, profissionais insatisfeitos buscam outras oportunidades de trabalho, ficam doentes e não trabalham com cuidado, elevando a possibilidade de erros e crises.

Cabe aos gestores entender o que causa a insatisfação dos colaboradores e usar esse conhecimento para tornar o ambiente profissional agradável para todos. Por exemplo, um profissional pode acreditar que está desperdiçando o seu potencial na empresa e, assim, ficar entediado e procurar outro trabalho. O que se pode fazer para deixá-lo satisfeito?

É claro que, em alguns casos, não é possível satisfazer os profissionais por completo. O perfil de determinado trabalhador pode não ser compatível com a empresa ou o trabalho. Mesmo que soluções sejam pensadas, ele pode não gostar de nenhuma. Por essa razão é importante selecionar bem os candidatos para o trabalho.

CEO da Vittude
Tatiana Pimenta é CEO e fundadora da Vittude. Engenheira que se apaixonou pela Psicologia, pelo estudo constante do comportamento humano e da felicidade. Com mais de 15 anos de experiência profissional, foi executiva de sucesso em empresas de grande porte como Votorantim Cimentos e Arauco. Única brasileira finalista da premiação internacional Cartier Women's Initiative Awards em 2019. Faz terapia há mais de 8 anos, é maratonista amadora e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. É colunista dos portais Money Times, Startupi e Superela
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Tatiana Pimenta é CEO e fundadora da Vittude. Engenheira que se apaixonou pela Psicologia, pelo estudo constante do comportamento humano e da felicidade. Com mais de 15 anos de experiência profissional, foi executiva de sucesso em empresas de grande porte como Votorantim Cimentos e Arauco. Única brasileira finalista da premiação internacional Cartier Women's Initiative Awards em 2019. Faz terapia há mais de 8 anos, é maratonista amadora e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. É colunista dos portais Money Times, Startupi e Superela
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