Internacional

Trump em pé de guerra com Powell: “Ele irá fazer algo para ajudar os democratas”; entenda o conflito

06 fev 2024, 15:04 - atualizado em 06 fev 2024, 15:04
trump critica powell
Apesar de ter nomeado Powell em 2017, Trump já fez comentários sobre o presidente do Federal Reserve (Imagem: REUTERS/ Dustin Chambers)

Em uma entrevista à Fox Business, o ex-presidente e atual candidato às eleições presidenciais dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que não teria Jerome Powell como presidente do Federal Reserve (Fed) em sua gestão.

A fala veio acompanhada de acusações de que Powell estaria ajudando os democratas, especificamente Joe Biden, a vencer as eleições.

Os EUA passam por dois cenários importantes internamente: a possibilidade de cortes nas taxas de juros e as eleições presidenciais. Ambas caminham junto, principalmente pelo fato de uma redução nas taxas de juros ser vista como algo positivo para a economia do país, fazendo com que o presidente em exercício durante o anúncio da medida seja beneficiado.

“Acredito que ele irá fazer algo para ajudar os democratas. Para mim, parece que ele está tentando reduzir as taxas de juros para talvez fazer com que algumas pessoas sejam eleitas, eu não sei”, disse Trump.

O ex-presidente também acusou Powell de ser “político”, atuando contra o princípio de neutralidade política adotado pelo Fed, e afirmou ter uma série de nomes para quem poderia ocupar o próximo cargo de presidente do Federal Reserve.

Apesar de não ter fornecido possíveis nomes para quem ocuparia o posto, o jornal Financial Times tem suas apostas, como Kevin Warsh, ex-governador do Fed, e Judy Shelton, que foi nomeada por Trump para o conselho do Banco Central, mas cuja candidatura sofreu oposição no Senado.

Donald Trump, durante a entrevista, afirmou que haverá uma grande inflação e que Powell não será capaz de fazer nada, e ainda alertou para os riscos de uma guerra no Oriente Médio, que traria mais picos nos preços do petróleo.

Quando perguntado sobre a influência da política nas decisões do Fed, Jerome Powell afirmou que os membros do Federal Reserve não consideram esse fator durante a tomada de decisão.

Os motivos para a independência, de acordo com Powell, são o fato do Fed ser uma organização apolítica e que a incorporação de fatores políticos complicaria a tomada de decisões.

Sobre um possível terceiro mandato, pois esse já é o seu segundo, Powell afirmou que não tem poder de decisão nisso e não é algo no qual está focado.

“Este será um ano de grandes consequências para o Fed e para a política monetária, estamos todos concentrados e focados em fazer o nosso trabalho”, finalizou.

Trump e Powell tem histórico de rivalidade

Apesar de ter sido escolhido por Trump em 2017, o ex-presidente criticou Powell durante diversos momentos.

Em uma postagem na rede social X, antigo Twitter, em agosto de 2019, Trump escreveu que a principal questão no momento era quem era o maior inimigo dos EUA: Xi Jinping, presidente da China, ou Jerome Powell.

De acordo com um estudo de 2019 da Duke University e da London Business School, os tweets de Trump já mudaram as expectativas do mercado e aumentaram, ou diminuíram, as esperanças de cortes nas taxas de juros quando foram feitos.

Durante o estudo, os pesquisadores descobriram que as publicações no geral diminuíam as esperanças de cortes nas taxas de juros em um décimo de ponto percentual. Apesar de parecer pouco, eles argumentam que é um efeito significativo, já que o corte nas taxas é geralmente de um quarto de ponto percentual.

O Fed foi definido pelo Congresso para estar livre de influências políticas no curto prazo, dessa forma, o órgão pode seguir o que acha ser melhor para a economia, independente de como ela irá impactar as próximas eleições.

Powell foi escolhido novamente por Biden em 2021 e seu cargo vai até maio de 2026, o presidente do Federal Reserve não pode ser demitido. O nomeado é escolhido pelo presidente dos EUA a cada quatro anos e deve ser aprovado pelo Congresso.

Estagiária
Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (ECA-USP). Apaixonada pela escrita e pelo audiovisual, ingressou no Money Times em 2023.
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Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (ECA-USP). Apaixonada pela escrita e pelo audiovisual, ingressou no Money Times em 2023.
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