Taxa Selic

UBS vê Selic em 15% por mais tempo e alerta: Mercado precifica cortes cedo demais

19 jun 2025, 14:37 - atualizado em 19 jun 2025, 14:38
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O banco projeta que a Selic será mantida em 15% por mais 11 meses. (Imagem: iStock/ Rmcarvalho/Canva)

A elevação da taxa Selic para 15% pelo Comitê de Política Monetária (Copom), anunciada na quarta-feira (18), veio acompanhada de um sinal forte ao mercado: os juros vão continuar altos por mais tempo. A avaliação é do UBS BB, que destacou a inclusão da palavra “muito” no comunicado do Banco Central como um recado direto para conter apostas em cortes no curto prazo.

“Quando o Comitê fala em manter os juros por um período muito prolongado, está deixando claro que não quer ver cortes precificados ainda em 2025”, escreveu a equipe do UBS em relatório recente.

Para o banco, a decisão surpreendeu parte do mercado, que estava dividido entre a manutenção e uma alta de 25 pontos-base, com precificação de cerca de 65% de chance para a elevação.

A adição do termo “muito” foi interpretada como uma resposta ao movimento recente do mercado futuro e às projeções do boletim Focus, que até duas semanas atrás ainda previam cortes na Selic a partir de janeiro. O UBS afirma que essa precificação não está em linha com o cenário de convergência da inflação, reforçando o tom mais duro da autoridade monetária.

Por mais que o Copom tenha sinalizado o fim do ciclo de alta, o UBS avalia que a postura segue hawkish e vigilante. “Apesar de manter a linguagem de que o Comitê ‘permanece vigilante’, essa expressão perdeu força. Ainda assim, o BC deixou em aberto a possibilidade de retomar as altas, caso necessário”, escreveram os economistas.

O banco projeta que a Selic será mantida em 15% por mais 11 meses, até abril de 2026. Em um cenário alternativo, cortes poderiam começar em março, mas dificilmente antes disso.

Real segue como aposta preferida do UBS

Mesmo com boa parte do movimento já precificado, o UBS segue otimista com o real. A avaliação é que a decisão do Copom deve dar suporte à moeda brasileira, ajudando o dólar a seguir pressionado.

“O real continua sendo nossa principal posição comprada na América Latina”, afirmou o banco, citando valuation atrativo, com valor justo estimado em R$ 5,20, e o diferencial de juros como principais fundamentos.

A casa mantém posições compradas em BRLMXN e vê boa relação risco-retorno também em BRLCOP.

Risco para os cortes em 2026

No mercado de juros, a projeção do UBS é que os cortes comecem a partir do segundo trimestre do ano que vem, em doses de 50 pontos-base por reunião. O tom mais duro do BC pode pressionar os vértices curtos da curva, como o trecho entre janeiro de 2026 e janeiro de 2027, onde atualmente estão precificados cerca de 100 pontos-base em cortes no primeiro semestre.

“Apesar do cenário atual justificar juros altos, uma desaceleração do crescimento no terceiro trimestre — que projetamos em 0% na comparação trimestral — pode levar o mercado a desafiar a postura do BC, se não houver choques adicionais no câmbio, petróleo ou inflação”, disse o UBS.

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Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.

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