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Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4): Por que investidores estão vendendo as ações?

27 mar 2023, 17:59 - atualizado em 27 mar 2023, 17:59
Petrobras, ações
Maioria dos investidores brasileiros segue vendida ou subponderada para Petrobras, diz XP (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

A deterioração do cenário macroeconômico jogou um balde de água fria nas commodities. O minério de ferro, que engatou um movimento de forte recuperação nos últimos meses, já dá sinais de desaceleração com as incertezas envolvendo a demanda chinesa, enquanto o petróleo perdeu um pouco de fôlego nas últimas semanas à medida que os mercados voltam a pesar a possibilidade de uma recessão em nível global.

O desaquecimento das commodities tem impactado diretamente as ações. Nem mesmo Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), dois nomes de peso da Bolsa e do Ibovespa, saíram ilesos.

Após conversa com investidores brasileiros, a XP Investimentos chegou à conclusão de que o posicionamento em empresas de commodities ficou menos óbvio do que antes, com Vale e Petrobras aparecendo mais no território short/underweight (venda).

Após as notícias de colapso dos bancos SVB Financial Group e Signature Bank nos Estados Unidos, além da crise do Credit Suisse que culminou em sua venda ao UBS Group, os investidores perderam um pouco de interesse nas commodities, à espera de um cenário menos incerto, afirma a corretora.

“Os investidores não se sentiram muito entusiasmados em comprar commodities até que houvesse mais visibilidade para ver se o SVB/Credit Suisse era um caso pontual ou o começo de algo maior”, destaca, em relatório publicado neste domingo (26).

“Por outro lado, o cenário macro e político interno brasileiro se deteriorou ainda mais, e os produtores de commodities e sua exposição às receitas atreladas ao dólar fornecem um hedge (proteção) importante”, completa a XP.

De acordo com a instituição, com os preços do petróleo atualmente no patamar dos US$ 70-80/barril, as perspectivas positivas de longo prazo perderam força. Os investidores estão mais propensos a acreditar em preços mais elevados a partir da segunda metade de 2023.

Para completar, o anúncio recente de imposto de exportação de petróleo cru no Brasil pode ser acrescido de mais tributações caso os preços do petróleo subam.

“Com isso, vimos mais investidores se posicionando em empresas no exterior ou diretamente na commodity”, afirma a XP.

Tanto as ações da Petrobras quanto os papéis da Vale acumulam queda de aproximadamente 7% desde a quebra do SVB.

Riscos de PETR4

A maioria dos investidores segue vendida ou subponderada para Petrobras, diz a corretora.

Olhando para os próximos anos, sob o governo Lula, o consenso acredita que a rentabilidade e a geração de caixa da companhia vão cair. Ainda não se sabe ao certo, no entanto, a velocidade da deterioração.

Os investidores ouvidos pela XP levantaram alguns pontos de discussão, como a nova precificação dos combustíveis, as possíveis mudanças na governança corporativa, a nova política de dividendos e outros riscos de fuga de caixa.

“Os investidores estão se perguntando se a Petrobras tentará comprar a RLAM, a Braskem (BRKM5) ou mesmo uma distribuidora (os ativos da Vibra [VBBR3] ou da Raízen [RAIZ4])”, levanta a corretora.

Sobre a questão dos dividendos, os investidores acreditam que o nível da distribuição se tornará “mais uma fonte de rivalidade” entre Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e alguns petistas opostos à manutenção dos pagamentos maciços dos últimos anos.

Riscos de VALE3

Vale
Vale: Investidores estão majoritariamente negativos com mineração e siderurgia (Imagem: Reuters/Washington Alves)

De olho no processo de reabertura da China e com questionamentos sobre a sustentabilidade do rali do minério de ferro, investidores estão majoritariamente negativos com ações de mineração e siderurgia.

A XP afirma que os investidores estão vendo riscos crescentes quanto a um potencial aumento de royalties ou mesmo de alíquotas de imposto de renda que podem afetar os resultados da empresa.

Em contrapartida, os investidores parecem atribuir uma boa geração de valor no médio/longo prazo com o investimento da Cosan (CSAN3) na mineradora.

Os investidores parecem ter a Gerdau (GGBR4) como a preferência do universo de mineradoras e siderúrgicas, sendo o nome mais “comprado”, embora não uma opção de alta convicção, completa a XP.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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