Meio Ambiente

Variação conjuntural no desmatamento não pode balizar julgamento sobre Brasil, defende Economia

14 jul 2020, 16:06 - atualizado em 14 jul 2020, 16:06
Desmatamento Meio ambiente amazônia
A nota pede ainda que todos, mas em especial os investidores internacionais, façam “essa diferenciação entre eventos conjunturais (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes

O Ministério da Economia defendeu nesta terça-feira que mudanças conjunturais no desmatamento não podem balizar o julgamento das políticas de governo, acrescentando ainda que o número de focos de queimadas no país caiu no acumulado deste ano na comparação com igual período de 2019.

Em nota informativa, o ministério defendeu que o Brasil está entre os países que mais preservam o meio ambiente no mundo e que o país tem sido um porto seguro importante para o fluxo de investimentos diretos estrangeiros.

“Variações nos índices de desmatamento conjunturais de curto prazo não podem ser o balizador para se julgarem as políticas de governo. Por exemplo, os incêndios florestais que ocorreram na Austrália no ano passado, e que destruíram área 2,5 vezes maior que a do desmatamento na Amazônia no mesmo ano, não podem ser atribuídos a uma política deliberada do governo daquele país”, afirmou a nota.

“Fundamental se faz distinguir dados conjunturais, muitas vezes influenciados por questões exógenas (como o clima por exemplo) de uma política estrutural de longo prazo adotada pelo governo”, acrescentou.

A nota pede ainda que todos, mas em especial os investidores internacionais, façam “essa diferenciação entre eventos conjunturais e políticas de governo robustas voltadas para o meio-ambiente que resultam nos elevados níveis de preservação da vegetação nativa brasileira”.

A pasta exibiu, no documento, um gráfico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontando que o número de focos de queimadas no Brasil sofreu variação negativa entre 1º de janeiro a 12 de julho sobre o acumulado do ano passado.

Na análise mês a mês para os focos de queimadas na Amazônia, especificamente, um segundo gráfico publicado pelo ministério mostra que não houve mudança significativa nos dados de junho sobre um ano antes, embora o gráfico não especifique valores nominais para os períodos.

“Embora a extensão das áreas sob aviso de desmatamento na Amazônia tenha crescido em junho, tais números ainda precisam ser confirmados e eles não são corroborados, até agora pelo menos, pelos focos de queimadas na região”, disse o ministério.

Números preliminares do Inpe divulgados na semana passada mostraram que o desmatamento na Amazônia Legal cresceu pelo 14º mês consecutivo em junho, aumentando a pressão sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro em um momento em que investidores e empresários passaram a cobrar do presidente uma ação mais efetiva contra a destruição da floresta.

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Números preliminares do Inpe divulgados na semana passada mostraram que o desmatamento na Amazônia Legal cresceu pelo 14º mês consecutivo (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly)

De acordo com os dados do Deter, programa de satélite usado para acompanhar em tempo real o desmatamento, a derrubada da floresta aumentou 10,7% em junho comparado com o mesmo mês do ano passado. Nos primeiros seis meses do ano, a área devastada cresceu 25%, chegando a 3.066 quilômetros quadrados.

Na segunda-feira, inclusive, o governo exonerou a coordenadora-geral de Observação da Terra do Inpe, Lubia Vinhas, área responsável pela recepção e geração de imagens de satélite e pelo Deter.

Também na segunda-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu cooperação internacional na área ambiental, afirmando que o Brasil precisa de apoio e compreensão no seu esforço de fiscalizar a preservação dos seus recursos naturais.

Em discurso na sessão de abertura de cúpula ministerial da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com países da América Latina e Caribe, Guedes disse que o Brasil é um dos países que melhor defendem seus recursos naturais e sabe respeitar o meio-ambiente e os povos indígenas, mas argumentou que o território é grande e que o governo precisa de apoio para atuar “da melhor forma possível”.

Nesta terça-feira, uma série de ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central lançaram carta com um apelo pela retomada da economia com responsabilidade social e ambiental, num momento em que investidores globais têm feito exigências quanto a contenção de desmatamentos para seguirem colocando recursos no país.

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