Celulares

Venda de celulares deve cair 4,3% em 2020 com cenário internacional conturbado

05 mar 2020, 10:34 - atualizado em 05 mar 2020, 10:34
As vendas mundiais de aparelhos devem cair 4,3% em 2020, com uma queda de 7,4% na Europa (Imagem: Unsplash/@eirikso)

Enquanto fábricas chinesas atingidas pelo coronavírus tentam reiniciar a produção, a dor de cabeça só começou para operadoras que dependem de embarques regulares de smartphones da Ásia.

A AT&T se prepara para a escassez de aparelhos nos Estados Unidos. Uma operadora no Reino Unido e uma na França já enfrentam cortes no fornecimento e podem ficar sem alguns modelos de maior demanda, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

Operadoras de rede britânicas podem até recorrer às pilhas de celulares que estocaram em caso de uma crise de oferta relacionada ao Brexit, disse o executivo de uma empresa que pediu para não ser identificado.

O caos da cadeia de fornecedores pode durar apenas algumas semanas, mas já acaba com as esperanças do setor de smartphones de aumentar as vendas este ano.

As vendas mundiais de aparelhos devem cair 4,3% em 2020, com uma queda de 7,4% na Europa, segundo a consultoria Canalys. Antes das paralisações das fábricas chinesas por causa do vírus, a previsão era de um crescimento global de 3,6%.

“Já começamos a notar uma enorme falta de smartphones em alguns mercados ao redor do mundo”, disse Ben Stanton, chefe de pesquisa de aparelhos para Europa, Oriente Médio e África na Canalys.

Ele disse que a produção global de aparelhos correspondia a 35% dos níveis normais em fevereiro. A expectativa é de que esse nível suba para 85% este mês e se normalize em abril. Mas, com a queda na produção, levará tempo para atualizar os pedidos de entrega em atraso para marcas como Apple, Samsung Electronics e Huawei Technologies.

As estimativas da Canalys são baseadas em comentários confidenciais de fabricantes, distribuidores, transportadoras e varejistas.

‘Sistema complexo’

Cerca de 5 milhões de celulares são vendidos todos os dias. Muitas dessas unidades levam apenas algumas semanas para ir da fábrica de montagem ao consumidor, em arranjos rigorosamente coreografados, planejados com meses de antecedência.

“A cadeia de fornecedores é um sistema complexo, tão forte quanto seu elo mais fraco, e atualmente muitos elementos estão fora de sincronia”, disse Marina Koytcheva, vice-presidente de previsões da CCS Insight.

A CCS reduziu em 10% a previsão de vendas de telefones celulares fora da China nos primeiros seis meses do ano. Koytcheva disse que o setor pode enfrentar um problema ainda maior do que gargalos na cadeia de fornecimento se os surtos de vírus atingirem a demanda por celulares e o crescimento econômico em todo o mundo.

“A julgar pela fraca demanda por smartphones na China em janeiro e fevereiro, essa é uma grande preocupação”, disse.

Operadoras esperam que o primeiro iPhone 5G da Apple impulsione a receita com um novo ciclo de vendas e com a atualização de planos de clientes. Dúvidas sobre o momento do lançamento se aproximam, e Stanton, da Canalys, disse que as campanhas de marketing 5G talvez precisem ser adiadas.

Alguns produtos da Apple, como o tablet iPad Pro, têm disponibilidade limitada em lojas nas principais cidades dos EUA, Austrália e Europa, de acordo com análise do site da empresa.

O vírus levou a um “modesto aperto” da oferta de iPhones nas últimas duas semanas, disse a Loup Ventures, que monitora os prazos de entrega de produtos da Apple, segundo dados publicados no site da empresa na quarta-feira. A Apple afirmou que a falta de produtos afetará sua receita global.

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