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Vilão em comum: O que fazer com VALE3 e CMIN3, diante da fraqueza do minério de ferro?

18 ago 2022, 19:19 - atualizado em 19 ago 2022, 9:54
Vale e CSN sentiram impacto da queda do minério de ferro nos resultados do segundo trimestre (Imagem: REUTERS/Yusuf Ahmad)

A Vale (VALE3) e a CSN (CSNA3) sentiram os efeitos da correção nos preços do minério de ferro. O impacto pode ser visto nos últimos resultados de ambas as empresas, que não agradaram o mercado ao reportar dados mais fracos no segundo trimestre do ano.

Segundo Edmar de Oliveira, operador da mesa de renda variável da One Investimentos, essa temporada de resultados, especialmente dessas duas empresas, deixou claro que o tamanho da influência dos preços da commodity é muito grande (acima de 50-60%, dependendo da dinâmica).

“Se a gente pegar os quatro trimestres do ano passado, principalmente os dois primeiros, quando tivemos ventos favoráveis para as empresas, podemos observar crescimento de lucro, assim como aumento de receita em escala exponencial”, destaca o especialista.

A Vale teve lucro líquido de US$ 6,2 bilhões no segundo trimestre de 2022, recuo de 17,7% em relação ao mesmo intervalo de 2021. A receita líquida de vendas da companhia totalizou US$ 11,1 bilhões no trimestre, queda de 32,4% sobre o montante registrado um ano antes, de US$ 16,5 bilhões.

No caso dos números da CSN, a pressão veio principalmente do segmento de mineração, que, além de ter sido prejudicado pela queda nos preços do minério de ferro, sentiu pressão do aumento dos custos.

Como resultado, a CSN Mineração (CMIN3) apresentou Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 907 milhões, queda de 82% no comparativo anual e 62% na base trimestral.

Vem mais queda por aí?

Os últimos dias de negociação do minério de ferro foram ruins. Nesta quinta-feira (18), os contratos futuros da commodity negociados no mercado futuro chinês (Dalian), referente a janeiro, recuaram 2,76%, encerrando abaixo de 700 yuans.

O minério de ferro tem sido penalizado pela paralisação nas fábricas devido a uma onda de calor na China. Segundo relatos da imprensa internacional, o governo chinês ordenou que quase todas as fábricas da província de Sichuan fechassem por seis dias, com a possibilidade de outras províncias, como Zhejiang e Anhui, adotarem as mesmas medidas.

Oliveira acredita que o minério de ferro pode cair mais, mas a queda deve ser limitada, considerando as expectativas para a demanda chinesa com a injeção de estímulos por parte do governo e os planos de infraestrutura que estão sendo aplicados em outras regiões, como Estados Unidos e Europa.

“Se isso acontecer, o espaço para queda se reduz ou se limita nesse patamar (US$ 80-90)”, diz o analista.

“Já está bastante assimétrico, e essa assimetria vai se reduzindo cada vez mais”, completa.

Henrique Tavares, analista da DV Invest, diz que, além dos estímulos na China, o corte dos guidance das produtoras de minério de ferro deve contribuir para segurar os preços, visto que elas estão tirando oferta do mercado.

Outro ponto levantado por Tavares é que a alta dos custos de produção – principal fator para os resultados mais fracos das mineradoras no segundo trimestre – acaba eliminando players menores no mercado, o que também deve travar preço.

O pior já passou

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Próximos trimestres devem mostrar melhorias para Vale e CSN (Imagem: Reuters/David Gray)

Oliveira e Tavares entendem que o tom dos próximos resultados de Vale e CSN será de recuperação.

Oliveira acredita que o “ponto baixo dos resultados” tenha sido o segundo trimestre. Pensando na dinâmica de estímulos em infraestrutura nos países desenvolvidos, os próximos trimestres tendem a melhorar.

“À medida que a gente vê sinais mais claros da parte de infraestrutura lá fora, isso deve melhorar os resultados. E a base de comparação também. Tivemos números piores [no segundo trimestre]. Se houver melhora marginal na frente, a gente verá um reflexo positivo nos números”, afirma.

O analista da DV Invest afirma que o terceiro trimestre será “um pouco mais razoável”, com a pressão dos custos de frete diminuindo devido à desaceleração das commodities energéticas.

Tavares destaca ainda que o segundo semestre costuma ser melhor em termos de volumes de produção e vendas para as mineradoras. Então, é esperada uma recuperação dos números do setor.

CMIN3 ou VALE3?

Para Oliveira e Tavares, as ações da Vale e da CSN Mineração estão atrativas.

Segundo o especialista da DV Invest, as duas empresas têm teses interessantes, apesar da queda do nível de atratividade devido à piora do cenário macro.

Oliveira e Tavares destacam, no entanto, que, em aspecto de valuation, CMIN3 tem assimetria um pouco maior.

Tavares diz que a CSN Mineração tem potencial para crescer e está de olho no mercado, buscando oportunidades de negócios – incluindo potenciais aquisições.

Apesar disso, os papéis da Vale são uma escolha interessante. Tavares defende que a empresa é uma produtora de baixo custo e, apesar das expectativas de fluxo de caixa mais limitado, deve seguir com a estratégia de retorno robusto aos acionistas.

“Vale ainda tem potencial para ser uma das maiores geradoras de caixa, com retorno aos acionistas acima dos pares”, afirma o analista.

Oliveira chama atenção para o valuation atrativo da Vale, que, por ser uma empresa mais robusta, oferece maior segurança ao investidor.

“Se o perfil do cliente é mais pautado em large caps e segurança, é mais válido a Vale. É a maior empresa, super competitiva, com gestão muito boa. Ao mesmo tempo, tem feito um trabalho melhor que a CSN Mineração recentemente”, completa o operador da mesa de renda variável da One.

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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