Commodities

Vírus acautela importador de combustível, apesar de janela aberta para compras

19 mar 2020, 18:45 - atualizado em 19 mar 2020, 18:45
Combustíveis
O principal temor é um recuo nas vendas de postos de combustíveis como resultado de uma redução do deslocamento de pessoas por meio de veículos (Imagem: Agência Brasil/Tomaz Silva)

Uma perspectiva de redução da demanda por combustíveis no Brasil, como resultado de medidas preventivas contra o novo coronavírus, deixou importadoras independentes cautelosas em suas operações, apesar das janelas para as compras externas estarem abertas.

Os preços praticados pela Petrobras (PETR3PETR4) –responsável por quase 100% da capacidade de refino do país– estão acima da paridade de importação, abrindo espaço para a atuação das importadoras, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo.

No entanto, o cenário não parece promissor.

“As operações (de importação) estão acontecendo, mas com receio”, disse à Reuters o presidente da Abicom, que representa nove importadoras de combustíveis independentes que atuam no Brasil.

O principal temor é um recuo nas vendas de postos de combustíveis como resultado de uma redução do deslocamento de pessoas por meio de veículos, que tem sido empenhada no Brasil e no mundo como forma de frear a disseminação do coronavírus pelo país.

“A demanda está caindo, a maioria das distribuidoras tem compromisso de cota com a Petrobras e já colocou pedido na Petrobras, sobrando pouco espaço para fazer compras externas”, afirmou Araújo.

“Ontem eu falei com quase todas as afiliadas e o que eles me dizem é que a situação é de cautela.”

Postos de combustíveis no Brasil já começaram a observar redução acentuada das vendas, com alguns deles registrando queda de 50% na demanda, afirmou à Reuters na véspera o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Aurélio Amaral.

O petróleo Brent, referência internacional, avançou 14,4%, para 28,47 dólares por barril nesta quinta-feira (Imagem: REUTERS/Heinz-Peter Bader)

Outro fator de preocupação, segundo Araújo, é que a Petrobras mude seu comportamento e impeça as vendas das importadoras no mercado interno, uma vez que a empresa é livre para praticar preços conforme seus interesses comerciais e pode alterá-los quando achar necessário.

“Não se sabe até quando que a Petrobras vai ficar mantendo esse preço acima da paridade… A Petrobras tem feito a coisa certa, ela tem buscado acompanhar o preço fazendo a redução, mas sem encostar na paridade, porque nunca se sabe o que vai acontecer amanhã”, afirmou.

“Ontem teve uma queda grande no Brent, hoje já está subindo… É uma gangorra. O preço vai e volta.”

O petróleo Brent, referência internacional, avançou 14,4%, para 28,47 dólares por barril nesta quinta-feira, após ter despencado para 24,52 dólares na quarta-feira, menor nível desde 2003.

Em sua última alteração, a petroleira anunciou na quarta-feira redução do preço médio da gasolina em suas refinarias em 12% e o do diesel em 7,5% a partir desta quinta-feira.

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