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XP Inc. começa 2020 bem, mas manterá o ritmo? Dica: não pague para ver

13 maio 2020, 16:36 - atualizado em 13 maio 2020, 16:51
Sede da XP Investimentos
O xis da questão: gastos crescem mais que receitas, e preocupam os analistas (Imagem: XP Investimentos/Divulgação/Facebook)

A XP Inc. (XP), holding brasileira de serviços financeiros listada na Nasdaq, em Nova York, começou 2020 com um bom ritmo, mas os analistas são céticos, quanto ao seu fôlego para manter o mesmo desempenho nos próximos meses. E, para ser mais exato, eles recomendam que você não pague para ver.

Esta é a avaliação de dois bancões respeitados em todo o mundo – o Credit Suisse e o UBS, cujos relatórios sobre a XP Inc. foram obtidos pelo Money Times.

Ambos elogiam os números do primeiro trimestre, divulgados pela holding na terça-feira (12), destacam algumas boas surpresas, mas mantêm-se irredutíveis em sua recomendação neutra para os papéis.

Isso significa que o que a XP Inc. mostrou no primeiro trimestre não foi suficiente para impressionar os dois bancos suíços, a ponto de que se animassem a aconselhar os clientes a comprar suas ações.

Tampouco o preço-alvo foi revisto. O Credit Suisse projeta US$ 22 para os próximos 12 meses. O valor é, inclusive, menor que os US$ 24,86 com que as ações fecharam o pregão de ontem. Já o UBS calcula um preço-alvo de US$ 28.

Penúltima linha

Marcelo Telles, Craig Siegenthaler e Alonso Garcia, que assinam o relatório do Credit Suisse, ponderam, inclusive, que o lucro líquido só foi assegurado pela penúltima linha do balanço – a de taxas e impostos, já que a XP Inc. pagou uma alíquota menor que a esperada.

A afirmação é pertinente, quando se constata que o aumento de 85% da receita líquida, na comparação com o primeiro trimestre de 2019, foi praticamente consumido pela alta de 88% das despesas gerais e administrativas.

A situação levou o Credit Suisse a afirmar que “a alta dos lucros foi inteiramente guiada pela baixa alíquota de impostos” – 23%, ante 34% no trimestre anterior.

Equipe da XP: pagamento de comissões representou 35% das receitas da área de varejo do grupo, segundo o UBS (Imagem: LikendIn/XP Inc)

Isso faz com que o Credit Suisse seja cético, quanto aos próximos meses. “Acreditamos que o ambiente será mais desafiador, à medida que esperamos que o yield da receita cairá, bem como o crescimento dos ingressos líquidos [de recursos~]”, dizem os analistas.

Menos dinheiro para o acionista?

Mariana Taddeo, Kaio Prato e Thiago Batista, que assinam a análise do UBS, batem na mesma tecla: a forte alta dos gastos. As despesas gerais e administrativas, já citadas pelo Credit Suisse, são confrontadas ainda com o aumento de 101% nas despesas operacionais em geral.

Com isso, o UBS lembra que a margem de ebitda se deteriorou para 33%, ante os 36% do primeiro trimestre de 2019. O trio também insiste na contribuição das alíquotas de impostos para encorpar o lucro na penúltima linha.

Por último, o UBS acrescenta outro motivo para não comprar ações da XP Inc. neste momento: elas já estão caras, pois são negociadas atualmente por 50 vezes o P/L (preço-/lucro) projetado para 2020, e 36 vezes o P/L de 2021. Traduzindo, levaria 50 anos para alguém cobrir seu investimento na holding, apenas com os lucros gerados pelos papéis.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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