Coluna do Beto Assad

Ações de varejo terão outro voo de galinha? Melhor proteger o seu lucro

05 jun 2023, 9:54 - atualizado em 05 jun 2023, 9:54
Magazine Luiza
Ações de varejo pegam embalo no curto prazo, mas é bem melhor proteger o seu lucro, conforme colunista Beto Assad. (Imagem: Divulgação/Magazine Luiza)

Entramos no mês de junho e o primeiro semestre do ano entra em sua reta final. E se tem um setor que não saiu da cabeça dos investidores neste período são as ações de varejo.

Afinal, as grandes varejistas da bolsa já alcançaram o fundo do poço? Ou o buraco ainda pode ser mais embaixo?

O segundo semestre deve responder essa pergunta, pelo menos no médio prazo.

Mas muita coisa importante precisa acontecer para que um cenário mais positivo se desenhe daqui para frente.

Quando olhamos o balanço do primeiro trimestre de 2023, pode-se ver alguns pontos interessantes.

Uma análise feita por Eduardo Yamashita, COO da Gouvêa Ecosystem, sobre os balanços de algumas das principais empresas do setor do varejo, nos traz alguns “insights” sobre o momento e também do que esperar para o futuro.

As empresas de varejo com análise são:

O que se observou, principalmente, foi:

  • O faturamento médio cresceu 17% entre as empresas
  • A margem bruta sofreu pequena oscilação de 31,9% para 31,5%
  • A maioria das varejistas teve queda média de 254% no lucro líquido
  • 5 das 8 empresas apresentaram prejuízo

Os dados mostram que, a despeito da maioria das empresas ainda apresentarem prejuízo, o ano evidencia que o momento ainda é de recuperação, onde a inflação alta impacta de maneiras distintas os resultados.

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Ações de varejo em 2023

O aumento do faturamento pode ser em parte responsabilizado pela inflação, já que os produtos mais caros afastam parte dos consumidores, mas acabam inflando os dados das vendas realizadas.

Mesmo com o aumento das vendas, sete das oito empresas analisadas tiveram queda nos seus resultados, com um pouco mais da metade apresentando prejuízo no período.

Muito disso se explica pelo atual patamar das taxas de juros, que encarece os custos financeiros das empresas, além de afastar uma grande parte do público consumidor.

Esse é um resumo do que se foi observado no primeiro trimestre.

Mas o que esperar dos resultados do segundo trimestre e, principalmente, da última metade do ano?

Primeiro fato é que os investidores já voltaram às compras no setor.

Curto prazo

Olhando os gráficos das principais empresas, fica fácil notar uma inversão de tendência de baixa para alta no curto prazo a partir de meados de abril, inclusive com alguns ativos já se afastando de pontos interessantes de compra.

Isso mostra que grande parte dos investidores já acredita que as ações alcançaram mínimas anuais importantes e que o segundo semestre deve ser mais promissor.

Mas, no meu ponto de vista, acredito que dois fatores determinantes devem acontecer para que esse cenário mais positivo se concretize, e a atual alta das varejistas não configure o famoso “vôo de galinha”.

E estes dois fatores respondem por inflação e taxa de juros.

O IPCA-15 de maio, prévia da inflação oficial do mês, avançou 0,51%, apresentando uma desaceleração em relação ao mês anterior.

Isso mostra uma boa passibilidade do IPCA do quinto mês do ano também apresentar diminuição no ritmo de alta.

O Boletim Focus do dia 29/05 também mostrou uma expectativa de diminuição da inflação por parte do mercado, com o IPCA fechando 2023 em 5,71%.

Um cenário de inflação que se estabilize e até mesmo apresente algum recuo já abriria as portas para uma redução da taxa Selic por parte do banco central. E este é o ponto essencial para alavancar o setor de varejo.

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Selic vai ajudar

Taxas de juros em patamares mais baixos é essencial para que o público consumidor volte às compras de itens que não são considerados essenciais, principalmente quando falamos de um país acostumado às compras parceladas.

Portanto, a queda na taxa Selic se torna um combustível para a o setor de volte a ter um desempenho melhor.

De qualquer maneira, temos que ressaltar que a taxa básica de juros, mesmo que venha a diminuir na segunda metade de 2023, deve continuar trabalhando acima dos dois dígitos por um bom tempo ainda.

Ou seja, o setor pode ter um desempenho mais interessante no segundo semestre, mas ainda longe dos seus “melhores dias”.

Assim, se você é um entusiasta das grandes varejistas e consiga uma oportunidade de se posicionar em patamares de preços nas ações que permitam ter algum lucro interessante, fica uma dica: proteja seu lucro!

Não vejo o setor favorável para investimentos de prazos mais longos no momento, do estilo “buy and hold”.

Com a economia brasileira patinando e ainda cheia de incertezas sobre o futuro no médio prazo, vejo as ações do setor, principalmente as mais voltadas ao consumo não essencial, como boas oportunidades de investimentos e trades pontuais.

Portanto, não acho prudente “casar” com ações de varejistas no momento.

Se você conseguiu montar boas posições no setor nas últimas semanas, tome conselho.

Assim, tente surfar a onda positiva o máximo possível, mas tenha pontos de proteção do seu lucro caso a maré vire.

Tenha sempre em mente que, para setores cíclicos, garantir o seu resultado positivo não é vergonha nenhuma.

Bons investimentos!

Analista e consultor financeiro no Kinvo
Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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