Mercados

Disparada da Nasdaq em janeiro mostra investidor imerso em ‘conto de fadas’

31 jan 2023, 18:44 - atualizado em 31 jan 2023, 19:22
Wall Street
Rali da Nasdaq mostra otimismo exacerbado (Imagem: REUTERS/Carlo Allegri)

O Nasdaq é o grande destaque mensal entre os mercados de Wall Street. O índice termina janeiro com um avanço de 10%, aos 11.513,00 pontos, cinco vezes além do registrado para o Dow Jones e duas vezes superior ao desempenho do S&P 500. 

A ressurgência do Nasdaq dialoga com o forte rali de compra exercido sobre os papéis das Big Techs dos EUA, que compõem parcela majoritária do volume negociado total da Bolsa.

Mostrando algum retorno da confiança nesses ativos, o índice Nasdaq-100 (agrega as 100 maiores empresas em valor de mercado da Nasdaq não relacionadas a serviços financeiros) teve, na semana passada, a melhor sequência de ganhos desde novembro, devendo fechar o mês com uma valorização também de 10%.

Empresa/Ticker Variação mensal (%)
Tesla (TSLA) +55
Meta (META) +21
Amazon (AMZN) +20
Apple (AAPL) +14
Alphabet (GOGL) +11
Microsoft (MSFT) + 2

Ações descontadas após o selloff de 2022, otimismo com um ritmo de juros mais ‘palatável’ daqui em diante e iniciativas cada vez mais frequentes por uma maior eficiência no controle de custos estão entre os fatores que atraíram de volta os investidores.

Nasdaq e o cenário  ‘cachinhos de ouro’

Um jargão que tem ganhado tração nos debates do mercado financeiro é o ‘Goldlocks Scenario’ (ou ‘cenário da cachinhos de ouro’, em um tradução livre, que pode também significar cenário de contos de fada).

O termo descreve uma economia aquecida o suficiente para gerar crescimento e evitar uma recessão, mas não quente demais para pressionar a inflação, assemelhando-se, enfim, a um estado ideal.

Parte dos analistas atribuiu à crença nesse cenário o fator motriz por trás do rali das techs na Nasdaq.

É como se os investidores estivessem ganhando cada vez mais confiança na tese de que a guerra contra a inflação está terminada, à medida que o aperto monetário do Federal Reserve se aproxima também do seu pico, podendo até anunciar cortes da taxa diretriz em 2023 — perspectiva descartada

“A prova do otimismo do mercado é o rali do preço dos títulos (bonds) e a forte volta do mercado de ações”, salienta Beto Saadia, economista e sócio da BRA-BS.

O mercado de títulos mencionado por Saadia registrou em janeiro o maior declínio para o rendimento das Treasuries desde novembro do ano passado.

No cenário desenhado pela ala mais otimista, uma recessão em 2023 seria rasa e transitória. Contudo, há poucas evidências que indicam ser esse o real cenário. Pelo contrário: leitura subjacente do último PIB trimestral deu indícios de que a economia dos EUA está começando a desacelerar; o início das demissões no setor tech também levantam o alerta dos mercados.

Marcada para amanhã, a decisão monetária do Federal Reserve pode ser o despertador para o sonho idílico dos investidores, ou quem sabe a desculpa para uns minutos a mais de sono.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.