Economia

Alta nos juros europeus pode enfraquecer o dólar, mas não salva a Europa da recessão

21 jul 2022, 14:13 - atualizado em 21 jul 2022, 14:13
Zona do Euro
 Na semana passada, pela primeira vez em 20 anos o euro e o dólar atingiram a paridade. (Imagem: Pixabay)

Nesta quinta-feira (21), o Banco Central Europeu aumentou, pela primeira vez em 11 anos, a sua taxa de juros. A autoridade monetária surpreendeu o mercado ao promover uma alta de 0,50 ponto percentual – as projeções falavam em um reajuste mais brando de 0,25 pp.

Mas a surpresa foi bem recebida. O consenso geral era de que a Europa estava muito atrasada em relação ao mundo quanto à alta de juros. Tanto que a inflação chegou a níveis recordes. No mês passado, a inflação anual registrou alta de 8,6%, a mais alta em 40 anos.

“O tom da presidente do BCE foi razoável e consciente da situação inflacionária, tanto que a alta esperada era de 0,25 pontos e veio 0,50 ponto percentual”, aponta Yuri Landim, Operador de Renda Variável da WIT.

Para piorar, o euro estava perdendo paridade com o dólar. Na semana passada, foi a primeira vez em 20 anos que as duas moedas estavam com a mesma cotação.

Com a moeda europeia se desvalorizando, os investidores entenderam que os Estados Unidos era o país mais seguro para alocar recursos, o que inflou o dólar. Agora, se o BCE for bem sucedido em seu aperto monetário, a escalada do dólar vai perder força.

“O dólar deve enfraquecer um pouco, porque ganhou muita tração devido a esse diferencial de juros. Essa alta ajuda a equilibrar um pouco mais”, afirma Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed. “Para a próxima reunião, o mercado deve precificar uma alta de 0,50 pp ou até 0,75 pp pontos. Mas se o Federal Reserve subir seus juros em 0,75 pp, a distância entre os juros nos EUA e Europa continuará grande.”

Ainda assim, a Europa está à beira de uma recessão – e que parece difícil de escapar. Yuri ressalta que o risco da recessão é alto, a inflação é persistente (puxada, principalmente, pelos preços de energia e alimentos) e a atividade econômica está desacelerando.

Além disso, a União Europeia precisa lidar com a crise mais acentuada de alguns países membros, como Grécia, Itália e Espanha, que pode aumentar a dívida da região como um todo.

A Itália, por exemplo, além da questão econômica, também enfrenta estabilidade política. O premiê da Itália, Mario Draghi, renunciou hoje após seu governo entrar em colapso.

Por isso, o BCE também anunciou uma nova ferramenta de compra de dívida, batizado de Transmission Protection Instrument (TPI, na sigla em inglês). A ideia é evitar a chamada “fragmentação” da união monetária europeia. O processo se refere à diferença entre taxas de juros soberanos das diferentes economias da zona do euro.

Para Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, essa medida é importante para esse momento de instabilidade. “A ideia não é nova por lá , mas seu objetivo é justamente controlar a curva de juros mais longa nessas regiões fragilizadas”, afirma. “Seu tamanho não foi pré-determinado pelo comitê e poderia, se necessário, incorporar títulos corporativos, fato que a torna mais poderosa. Mas também deixa claro o tamanho do problema econômico por lá”, afirma Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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