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Alvean vê estoques menores de açúcar, demanda avançando apesar de custos mais altos

08 out 2021, 18:12 - atualizado em 08 out 2021, 18:12
Cana-de-açúcar
Alvean vê o consumo de açúcar no mundo crescer 1,2% em 2021/22 ante 0,7% na temporada anterior (Imagem: Reuters/Rajendra Jadhav)

A Alvean, maior trading mundial de açúcar, acredita que a demanda vai aumentar nos próximos meses, apesar dos altos custos atuais, já que os países consumidores basicamente usaram a maior parte dos estoques disponíveis durante o ano.

O presidente-executivo da Alvean, Paulo Roberto de Souza, disse à Reuters nesta sexta-feira que o mercado de açúcar está atualmente muito apertado devido à produção menor, acrescentando que a empresa espera que o déficit global quase duplique em 2021/22 (outubro-setembro) em relação ao ano anterior, para até 6 milhões de toneladas.

Os países consumidores de açúcar têm usado intensamente os estoques disponíveis durante o ano para evitar o alto preço do frete marítimo e do açúcar, disse Souza, acrescentando que esses estoques estão agora em níveis criticamente baixos.

“Estamos chegando à situação que não tem mais para onde correr, a demanda (de açúcar) vai crescer de qualquer jeito, apesar dos custos elevados”, disse o executivo.

Alvean vê o consumo de açúcar no mundo crescer 1,2% em 2021/22 ante 0,7% na temporada anterior, à medida que a atividade econômica melhora.

Os preços do açúcar estão próximos dos níveis mais altos desde o início de 2017, principalmente devido à baixa produção no principal produtor, o Brasil, que foi prejudicado pela seca e geadas.

O departamento de pesquisa da Alvean não vê muita melhora no Brasil na próxima safra, esperando uma safra de cana em torno de 530 milhões de toneladas e uma produção de açúcar em torno de 32-32,5 milhões de toneladas.

“Os canaviais sofreram muito e parece que teremos La Niña no ano que vem, o que significa menos chuvas no centro-sul”, disse Souza.

Segundo ele, o centro-sul brasileiro deverá ter uma entressafra mais longa, já que usinas devem terminar a moagem mais cedo pela safra menor.

“Chegamos num momento em que a capacidade do Brasil de abastecer o mercado termina quando acabar a safra, então os 6 milhões de toneladas de queda (na safra) vão ser sentidos de agora até abril. Nada pode dar errado, Índia tem que entrar muito firme nessas exportações”, afirmou.

O país asiático é visto como fundamental para manter os suprimentos no mercado durante a entressafra brasileira.

Souza diz que os estoques na Índia, no entanto, caíram bastante no período de um ano. Eram de cerca de 15 milhões de toneladas no fim da safra passada, e agora estão em cerca de 8 milhões de toneladas.

Segundo ele, os preços terão que subir mais para atrair mais exportações da Índia.

“Hoje a paridade de exportação na Índia, com o mercado interno, é de 21 centavos (de dólar) por libra. Nesse preço, eles vão exportar cerca de 2 ou 2,5 milhões de toneladas. Se (o mercado) precisar de 6 milhões de toneladas, vai ter que pagar 150 pontos acima disso”, afirmou.

O mercado de energia, na visão do executivo, também sustenta os preços de açúcar, já que deverá manter os valores da gasolina, e por consequência do etanol, elevados no médio prazo.

A Alvean é controlada integralmente pela brasileira Copersucar, que comprou por valor não informado a metade que pertencia à Cargill.

Souza afirmou que no momento não existem conversas para atrair eventuais sócios, algo que se ventilou na época da saída da Cargill.

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