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Americanas (AMER3): Ex-CEO afirma que Lemann, Telles e Sicupira exerciam “forte controle” sobre a contabilidade

08 set 2023, 12:35 - atualizado em 08 set 2023, 12:35
jorge paulo lemann cpi americanas amer3
Lemann e seus sócios são acusados por ex-CEO da Americanas de controlar a contabilidade da empresa (Imagem: Shutterstock)

O ex-CEO da Americanas (AMER3), Miguel Gutierrez, afirmou que Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira exerciam “forte influência e controle” sobre a contabilidade da varejista. A declaração consta do depoimento dado por escrito à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga as fraudes bilionárias descobertas na empresa no início do ano.

Fundada no Rio de Janeiro em 1929, a varejista teve seu capital pulverizado ainda nos anos 1940. No início dos anos 80, Lemann, Telles e Sicupira compraram sistematicamente fatias da empresa, até assumir seu controle em 1982.Por quase 40 anos, foram os acionistas controladores da Americanas, por meio da 3G Capital.

Em 2021, o trio se desfez de parte de suas ações, e a varejista voltou a ser uma corporation, isto é, uma companhia de capital pulverizado na Bolsa. Apesar disso, os três mantiveram uma posição relevante de cerca de 30%, sendo os acionistas de referência.

Segundo o colunista Lauro Jardim, d’O Globo, um dos trechos mais contundentes do depoimento de Gutierrez, que comandou a Americanas por 20 anos, acusa o trio implantar uma cultura de “fanatismo” na empresa, expressa na forte pressão por bons resultados e na elevada carga de trabalho.

Americanas (AMER3): Pressão de Lemann, Telles e Sicupira por resultados

O trecho do depoimento de Gutierrez, reproduzido pelo Globo, afirma que Lemann, Telles e Sicupira “impunham sua cultura à empresa”, traduzida na “intensa pressão por resultados positivos, controle rígido de despesas” e “incentivo ao ‘fanatismo’ de seus executivos e funcionários pelo trabalho incessante”.



No relato enviado à CPI, Gutierrez nega que soubesse das fraudes nas contas da Americanas, e afirma que a contabilidade estava nas mãos do trio de bilionários.

‘Eu nunca soube, porém, que essa pressão teria levado a atos de manipulação da contabilidade – que era um setor, aliás, sobre o qual os controladores tinham forte influência e controle”, afirma Gutierrez no depoimento.

O papel de Lemann, Telles e Sicupira no caso que já foi chamado de “a maior fraude” da história, ainda é incerto. Denunciada em janeiro por Sergio Rial, que sucedeu Gutierrez na presidência da Americanas, a fraude inicialmente foi estimada em R$ 20 bilhões, mas o número cresceu rapidamente para mais de R$ 40 bilhões, levando à sua recuperação judicial.

Após as denúncias, o trio negou, em carta aberta ao mercado, que soubesse das manipulações nas contas da companhia e afirmou que também perdeu dinheiro com o caso. Já a CPI instalada na Câmara dos Deputados para investigar o escândalo ainda tenta convocar os três para depor.

Em outra frente, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) já abriu 23 procedimentos administrativos para apurar o caso, segundo Lauro Jardim. O colunista acrescenta que, deste total, dois já resultaram em acusações e outros dois viraram inquéritos administrativos.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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