Política

Argentina realiza eleição para presidente hoje (22), em meio à pior crise econômica em décadas

22 out 2023, 13:15 - atualizado em 22 out 2023, 13:16
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Expectativa: Argentina vai às urnas em clima de polarização política e desilusão econômica (Imagem: REUTERS/ Mariana Nedelcu)

Os argentinos começaram a votar neste domingo (22) em uma eleição nacional em que um libertário de extrema-direita lidera a disputa, uma mudança no cenário político devido às consequências da pior crise econômica do país em duas décadas.

É provável que a votação agite os mercados financeiros, defina um novo caminho político e social para a nação e afete seus laços com parceiros comerciais, incluindo a China e o Brasil. A Argentina é um grande exportador de grãos, com enormes reservas de lítio e gás de xisto.

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O economista libertário Javier Milei é um dos três candidatos que provavelmente dividirão os votos, e o homem a ser batido depois de registrar uma vitória surpreendente nas primárias abertas em agosto.

O ministro da Economia peronista e de centro, Sergio Massa, e a conservadora Patricia Bullrich estão atrás dele por uma pequena margem, e os especialistas não esperam um vencedor absoluto, o que significa que será necessário um segundo turno. As urnas fecham às 18h (horário local e de Brasília), e os primeiros resultados são esperados para as 21h.

Milei, que se comprometeu a “cortar a motosserra” do status quo econômico e político, viu eleitores furiosos aderirem à sua mensagem, fartos da inflação anual de quase 140% e da pobreza que afeta mais de dois quintos da população.

“Milei é a encarnação de todas as demandas da sociedade”, disse Juan Luis González, que escreveu uma biografia sobre ele intitulada “El Loco”. Ele acredita que Milei, uma impetuosa figurinha carimbada da TV, comparado a Donald Trump e ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, vencerá apesar de ser um personagem “instável” que poderia prejudicar ainda mais a Argentina. “Vejo uma situação muito preocupante”, disse González.

Javier Milei propõe “terapia de choque” para Argentina

Para ser eleito neste domingo, um candidato precisará de mais de 45% dos votos ou 40% e uma vantagem de 10 pontos sobre os rivais. Um eventual segundo turno seria realizado em 19 de novembro.

Qualquer que seja o vitorioso, ele terá de lidar com uma economia que está respirando por aparelhos: as reservas do banco central estão vazias, espera-se uma recessão depois de uma grande seca e um programa de 44 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI) está vacilando.

A receita de terapia de choque de Milei inclui promessas de dolarizar a economia, fechar o banco central, reduzir o tamanho do governo e privatizar entidades estatais. Ele criticou a China, é a favor de leis mais flexíveis sobre armas, se opõe ao aborto e é antifeminista.

“Ele é o único que entende a situação do país e sabe como salvá-lo”, disse o estudante de Buenos Aires Nicolás Mercado, de 22 anos.

Susana Munoz, de 62 anos, aposentada, por sua vez, disse que a ascensão de Milei era um reflexo da agitação global, onde a inflação alta, os conflitos e a migração estão alimentando as divisões.

“O mundo é complicado e nós não estamos imunes a isso”, disse ela ao votar no domingo. “A direita está avançando em todos os lugares e o fato de termos personagens como Milei é impensável.”

Massa, atual chefe da economia, está na disputa apesar de supervisionar a inflação que atingiu três dígitos pela primeira vez desde 1991. Ele disse que cortará o déficit fiscal, manterá o peso e defenderá a rede de segurança de bem-estar social peronista.

“O peronismo… é o único espaço que oferece a possibilidade de que os mais pobres de nós possam ter coisas básicas ao alcance de suas mãos”, disse o pedreiro Carlos Gutierrez, de 61 anos. “Confio que Massa fará as coisas direito.”

Bullrich, uma ex-ministra da segurança que é popular nos círculos empresariais, viu seu apoio ser diluído pelo surgimento inesperado de Milei. Especialistas consideram que ela seja a mais provável a ficar fora do segundo turno.

Muitos eleitores estavam cansados depois de muitos anos de mal-estar econômico.

“Eu voto por obrigação, mas com pouca vontade”, disse Silvana Dezilio, de 37 anos, dona de casa na província de Buenos Aires.

“Todos os governos prometem coisas e acabam nos afundando um pouco mais. Parece inacreditável, mas estamos ficando cada vez piores. Lemos que outros países superaram os problemas que, para nós, estão piorando a cada dia”, disse ela.

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