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Bitcoin tem a maior alta em duas semanas; o que está acontecendo nos EUA e como isso impacta as criptomoedas?

29 maio 2023, 16:02 - atualizado em 29 maio 2023, 16:02
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O Bitcoin está em uma sequência de valorização de cinco dias, o mais longo desde março, reduzindo as perdas de um trimestre parado (Imagem: Pixabay/EivindPedersen)

O Bitcoin (BTC) atingiu a cotação mais alta em mais de duas semanas nesta segunda-feira (29). O movimento reflete a melhora da confiança dos investidores, depois do acordo preliminar sobre o teto da dívida nos Estados Unidos. A criptomoeda subiu até 3,2%a US$ 28.446,91.

Para Orlando Telles, analista de criptoativos no Orlando on Crypto, a tendência do Bitcoin continua negativa no curto prazo. Porém, o apetite por risco aumentou após o desfecho das negociações entre o presidente Joe Biden e o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy.

A proposta ainda precisa ser aprovada pelo Congresso dos EUA para evitar um calote (“default”). Ao mesmo tempo, a recente escalada nos rendimentos dos títulos públicos norte-americanos (Treasuries) indicam que o mercado esperar mais aumento dos juros pelo Federal Reserve.

Em meio a isso, o Bitcoin engata uma sequência de cinco dias de alta. Trata-se do mais longo período de valorização desde março. Com isso, a criptomoeda reduz as perdas do período, em meio à baixa liquidez e ao aperto regulatório nos EUA.

O teto da dívida e as criptomoedas

Para Telles, os mercados estão passando por eventos macroeconômicos significativos. Um deles, é a discussão sobre o teto da dívida dos EUA.

“Nesse evento, o mercado já esperava que existiria essa negociação, e é natural. A última vez que chegamos nesse patamar de teto de dívida foi em 2017, não é algo atípico”, diz. Provavelmente terá um pequeno corte de gastos no governo, mas sem afetar programas de incentivos, aponta.

O analista prevê que haja um acordo para aumentar o teto da dívida nos próximos dois anos, ou seja, até 2025. Porém, segundo ele, o problema gira em torno de especulações sobre uma possível ausência de teto.

“A ausência desse limite pode aumentar ainda mais a dívida norte-americana, que já é de US$ 31 trilhões e pode comprometer de forma significativa o PIB dos EUA para o pagamento de dívidas, que hoje já é alto, em torno de 30%”, explica.

O problema é  a liquidez

Além disso, a liquidez dos mercados não voltou. Ao contrário. Afinal, o dinheiro advindo desse novo teto da dívida não fará parte da economia real.

Ou seja, não será destinado aos bancos ou à economia em geral, mas sim será utilizado para pagar os detentores da dívida interna – isto é, os títulos públicos. Portanto, o Tesouro dos EUA será obrigado, após o acordo, a emitir uma quantidade relevante de títulos, para recompor o caixa.

Isso pode retirar uma liquidez relevante do mercado e ter algum impacto (negativo) no preço dos ativos de risco, restringindo o bom desempenho nas próximas semanas ou meses”, comenta o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa, em comentário matinal. 

Ao mesmo tempo, esse movimento pode gerar uma inflação no longo prazo, com reflexos no dólar, o que, segundo Telles, pode ser positivo para o mercado de criptomoedas.

Já no curto prazo, existe a batalha do Fed contra a inflação e o consequente aperto monetário. “O mercado antes estava precificando uma desaceleração na taxa de juros, no contexto da contenção da crise bancária. Agora o cenário já foi alterado”, diz o analista no Orlando on Crypto.

Agora, o mercado precifica uma nova alta de 0,25 ponto percentual (pp) na próxima reunião do Fed, em junho. Caso se concretize, Telles diz que a tendência é ver um cenário mais negativo com fuga de liquidez do mercado de capitais norte-americano e, consequentemente, no mercado de criptomoedas.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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