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Black Friday na Bolsa: Veja 15 ações com descontos dignos de promoção (e que valem a pena)

25 nov 2021, 16:35 - atualizado em 25 nov 2021, 16:36
Queda do Ibovespa abre oportunidades para comprar boas empresas com preços atrativos

O cenário de aversão ao risco contaminou os mercados de forma avassaladora nos últimos meses. Inflação, alta dos juros, crise fiscal e baixo crescimento para 2022 castigaram o Ibovespa, que viu sua pontuação derreter cerca de 20%, passando dos 130 mil pontos do pico alcançado em meados de junho para os modestos 104 mil pontos de hoje.

Por outro lado, as empresas listadas mostraram força no terceiro trimestre: segundo dados da Economática, os lucros das companhias, excluindo Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4), cresceram 140% em relação a 2020 e 354% ante o mesmo período de 2019, período pré-pandemia. Esse descasamento entre altos lucros e queda da Bolsa pode ser traduzido em ações baratas. 

Pensando nisso, o Money Times ouviu analistas de mercado e especialistas para caçar as maiores pechinchas da Bolsa. São as ações que negociam abaixo do seu valor patrimonial e que prometem ganhos para 2022.

“A conta não fecha em termos de fundamento e do cenário que temos hoje. Eu vejo ótimas oportunidades. Pessoas físicas e institucionais estão deficitárias no ano. Mas o investidor estrangeiro não. Ou seja, um investidor maduro está olhando esses fundamentos aqui no Brasil hoje”, observa Gustavo Bertotti, especialista da Messem Investimentos, ligada à XP.

O que é barato?

A analista da Top Gain, Bruna Amalcaburio, explica que um dos indicadores para observar se uma empresa está barata é calcular o seu preço sobre lucro (P/L). Esse múltiplo mede o quanto o mercado está pagando pelos resultados da companhia. Segundo ela, preços sobre o lucro entre um e dez são consideradas ações descontadas. 

“Setores de materiais básicos, como Vale, CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4) estão na faixa de 3 vezes, então isso é bastante atrativo. Várias empresas de energia elétrica também, além de serem ótimas pagadoras de dividendos. O setor é considerado mais perene porque trabalha com contratos de longo prazo”, recorda.

Amalcaburio cita ainda a Cyrela (CYRE3) e a Eztec (ETZC3), que não recuperaram o valor pré-Covid. Pelos cálculos da Ágora Investimentos, ambas têm, respectivamente, um P/L para 2022 de 5,3 vezes e 5,5 vezes. 

“Por mais que seja um setor obscuro, que é penalizado pela inflação, nós temos no Brasil grandes construtoras, cujos os fundamentos estão melhorando”, afirma Bertotti, da Messem.

Banco do Brasil
O Banco do Brasil é apontada com uma ação barata

Commodities e bancos: dá para fugir deles?

Mesmo com toda essa onda tech que invadiu as Bolsas, empresas ligadas a setores tradicionais, como os bancos e as commodities, são sempre lembradas pelos especialistas. 

Um bom exemplo é o Banco do Brasil (BBAS3). Na visão de Bertotti, a estatal tem um fundamento extremamente sólido. “Os bancos sabem se adaptar muito ao cenário do Brasil. Eles vêm fazendo o dever de casa. Prova disso são os lucros que nós vemos. O BB negocia muito abaixo do seu valor patrimonial e tem uma capilaridade grande, com foco no agro”, argumenta.

Para o analista Cauê de Campos, do Safra, o banco possui um valuation extremamente descontado, com um preço sobre lucro para 2022 de 4,2 vezes, abaixo da sua média histórica de 7,4 vezes.

“Estamos confiantes de que a empresa deve entregar uma forte expansão de lucro no quarto trimestre por conta da um combinação de bom crescimento de receita (margem financeira e serviços) e queda de despesa de provisão”, afirma.

Outro banco lembrado por analistas foi o ABC (ABCB4). Segundo Niels Tahara, analista fundamentalista na Benndorf, em termos de múltiplos de valuation, o banco está barato, negociando a um P/L de 6,8 vezes.

“Vemos o banco como o mais protegido contra um aumento na inadimplência e bem posicionado para se aproveitar de outros fatores macroeconômicos, como aumento do CDI. Além disso, o Banco ABC tem histórico de pagar 50% do lucro em dividendos”, afirma.

Tahara também recomenda os papéis da Randon (RAPT4), conglomerado de empresas que atua no mercado de implementos rodoviários e autopeças. 

“Em relação ao valuation, calculamos a companhia negociando a cerca de 5 vezes EV/Ebitda (valor da firma sobre resultado operacional), excessivamente descontada em relação ao histórico de 8 vezes e ainda com boas perspectivas de resultados para o próximo ano, além de um mix de produtos cada vez mais diversificado e menos cíclico”, diz.

Já o sócio e diretor operacional da mesa proprietária Axia Investing, Caio Kanaan Eboli, indica a BB Seguridade (BBSE3). “A seguradora possui valor intrínseco interessante, com P/L de 11,88 vezes e potencial de alta de 30% no médio prazo e 48% no longo prazo, onde estaria seu topo histórico, por volta de R$ 33”.

Além disso, Enrico Cozzolino, analista da Levante, recorda da Petrobras. Segundo ele, o mercado embute um prêmio de risco da ingerência política que chega a ser excessivo. 

“Do ponto de vista de petróleo, de investimentos, de exploração, certamente ela valeria R$ 40. Vemos os resultados extremamente positivos”, diz

Via Varejo Casas Bahia
Varejo: queda dos papéis abre oportunidade (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

Resta esperança para o varejo?

As varejistas, que apanham feio neste ano, também foram citadas pelos analistas, que enxergam na queda uma oportunidade de adquirir empresas com bons fundamentos a preços mais em conta, como o Magazine Luiza (MLGU3).

“O quarto trimestre é onde as varejistas mais geram receita. As vendas vêm acontecendo. Hoje não há explicação para essa queda. O crescimento no e-commerce é significativo”, lembra o especialista da Messem. 

Ele também cita a Lojas Renner (LREN3), que passou por um período difícil durante a pandemia, mas que agora tem tudo para dar a volta por cima na reabertura.

“Renner é âncora de shoppings e uma empresa muito bem estruturada. A situação é bem melhor hoje. Muito mais favorável. Mesmo com a inflação e a alta do juros, temos uma demanda reprimida no mercado”, argumenta.

Já Bertotti, da Levante, lembra que a Via (VIIA3) voltou para o preço do período do pior momento da pandemia, puxado pela provisão trabalhista. “Uma parte do mercado precifica isso como sendo a nova realidade da empresa. Acho pouco provável que esse cenário se repita. Se isso não ocorrer mais, a ação está descontada”, observa. 

E, ligado a esse movimento, estão os shoppings, segmento onde analistas enxergam uma recuperação em V. O especialista da Messem diz que empresas como brMalls (BRML3) e Iguatemi (IGTI11) fizeram o dever de casa, reduzindo passivos. 

“Se adaptaram ao cenário e vimos bons resultados dos shoppings do terceiro trimestre. Para os próximos meses, com o Brasil crescendo menos, a inflação deve dar uma estancada, o que vai beneficiar o setor como um todo”, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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