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Black Friday no Ibovespa: Os papéis em liquidação para aproveitar uma bolsa barata, segundo 5 analistas

25 nov 2022, 11:56 - atualizado em 25 nov 2022, 17:33
Black Friday
Ibovespa atualmente se encontra em 4,52 vezes, menor que a crise de 2008, de 2016 e do pico da pandemia, em 2020 (Imagem: Unsplash/ CardMapr)

A Black Friday se consolidou como importante data de compras para brasileiros. Mas, mais do que adquirir eletrodomésticos ou roupas a preços camaradas, é possível aproveitar boas oportunidades de empresas descontadas na bolsa e lucrar com o potencial de alta.

De acordo com a plataforma Oceans 14, o preço sobre o lucro (P/L), uma das principais métricas para verificar se determinado ativo está barato, do Ibovespa atualmente se encontra em 4,52 vezes, menor que a crise de 2008, de 2016 e do pico da pandemia, em 2020.

Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos, recorda que em grandes quedas dos mercados, investidores ficam receosos de comprar ações.

Mas ele destaca que é justamente nesses momentos que surgem pechinchas, sintetizada na máxima “compre ao som dos canhões, venda aos sons dos violinos”, frase atribuída ao banqueiro Nathan M. Rothschild.

“O importante, assim como acontece em qualquer compra, é fazer a análise correta antes de fechar negócio. E, no caso das ações, o preço não é o mais importante. E sim uma fórmula que leva em conta o preço em relação a fundamentos como lucro e dividendos”, discorre.

Outro ponto de destaque é que setores que sofreram com a Covid não retornaram ao patamar pré-pandemia, apesar da abertura econômica. Esse é caso da educação e aviação, por exemplo.

“Consequentemente, essas empresas aparecem como oportunidade, pois você tem grande probabilidade de voltar ao normal”, coloca Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management e colunista do Money Times.

Mas quais papéis estão realmente baratos e carregam oportunidades? O Money Times consultou cinco analistas e pediu para eles indicarem as ações as mais descontadas da Bolsa. Veja a seguir.

Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management

O analista aposta em small caps e empresas atrasadas em relação à abertura econômica.

“Small caps não se recuperaram da pandemia devido à alta dos juros. Isso passará e o investidor consegue aproveitar algumas ações”, argumenta.

Para ele, a bolsa está barata, mas as ações formadas pela ‘economia velha’, como Vale (VALE3), Itaú (ITUB4) e Petrobras (PETR4), não.

“A aviação, por exemplo, sofreu bastante e as cotações estão bem próximas da mínima de 2020. Azul está sendo cotada a R$ 12, quando em 2020 estava R$ 8. Antes da pandemia estava em R$ 62”, recorda.

Ele cita ainda uma conhecida dos investidores que sofreu com a disparada da Selic: o Magazine Luiza (MGLU3). “É uma empresa que tem bons números, bons fundamentos, mas sofre nesse atual momento por conta do cenário brasileiro”, coloca.

No setor de shopping, a preferência é por brMalls (BRML3), que uniu as operações com a Aliansce Sonae (ALSO3) para se transformar em uma das maiores do setor. “Antes da pandemia estava R$ 19 e agora está R$ 8”, pontua.

Enrico Cozzolino, head de análise e sócio da Levante Investimentos

O analista Enrico Conzzolino também acredita que a bolsa esteja atrativa e elenca dois nomes sob forte pressão: Banco do Brasil (BBAS3) e Petrobras.

“Petrobras é descontado em relação aos pares em qualquer modelo de valuation. Excluindo o risco político, poderia valer o dobro do valor que está. Com o Banco do Brasil não é diferente”, pontua.

O novo governo já deu sinais de que irá realizar mudanças nas gestões das companhias, embora ainda não esteja claro o grau das intervenções.

Cozzolino cita ainda empresas de papel e celulose e frigoríficos, destacando Suzano (SUZB3) e JBS (JBSS3).

“Estão baratas e você tem uma certa proteção do cenário local. Importadoras que dependem da demanda global, ótimos ativos para descorrelacionar do Brasil, até mesmo a própria Vale“, coloca.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos

O analista Bruno Komura coloca duas ações que têm sofrido nos últimos tempos, mas que possuem boas perspectivas para o longo prazo. A primeira é o Iguatemi (IGTI11), rede de shoppings voltado para a alta renda.

“Em um momento de incertezas lá fora e aqui dentro, esse é um papel que vale a pena ter”, diz. Ele argumenta que o consumidor de maior poder aquisitivo é mais imune a deterioração do consumo. Além disso, negociado a 10 vezes, traz um valuation barato.

“As incertezas fiscais fizeram com que a curva de juros abrisse bastante e isso impactou muito principalmente o varejo. Por mais que a Iguatemi sofra com a alta da curva dos juros, achamos que as vendas vão continuar muito fortes. A administração está focada em reduzir a vacância, tem um trabalho bastante forte nesse sentido. Não vemos as vendas caindo”, expõe.

Outro papel é a Hapvida (HAPV3), que concluiu sua fusão com a NotreDame, mas que ainda não empolgou. Nessa semana, o vice-presidente Irlau Machado, que era o CEO da NotreDame, deixou não só o cargo como o conselho administrativo, o que, segundo Komura, indica atritos na empresa.

Porém, o analista continua otimista com a companhia, ao afirmar que toda a queda é ruim, mas não altera os fundamentos do longo prazo.

“Achamos que o pior já passou. A sinistralidade alta é um problema sim, mas não achamos que deve aumentar significativamente. Pelo contrário, devemos ter uma melhora, não porque os sinistros estão caindo, mas porque você deve ter uma melhora no prêmio e esse ajuste deve diminuir o sinistro”, conclui.

Bradesco
O analista indica o Bradesco, que desabou 15% após os resultados, na maior queda diária em mais de 20 anos  (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

Fred Nobre, líder da área de análise da Warren

Nobre cita três empresas, entre elas a Randon (RAPT4). “Hoje enxergamos um desconto enorme, até quando tiramos a Fras-le (FRAS3) do balanço. Tem oportunidade crescimento, tem uma operação bem interessante e competitiva”, diz.

Outra companhia é a Simpar (SIMH3), que acumula queda de 28% no ano.

“Está com desconto muito grande em relação às suas controladas, nunca esteve tão alto. É um bom momento para comprar. Tem alguns pontos de atenção, a empresa está com a dívida mais alta, muito por conta dos investimentos das controladas, mas existe um desconto”, esclarece.

E por fim, o analista indica o Bradesco (BBDC4), que desabou 15% após os resultados, na maior queda diária em mais de 20 anos.

“O balanço foi ruim e as perspectivas não são das melhores, mas entendemos que essa queda foi exagerada e que os preços atuais não refletem o atual momento da empresa”, defende.

Em sua opinião, o mercado penalizou demais o papel, o que abre oportunidade de upside no banco.

“É também um bom pagador de dividendos, é até uma tese mais segura para se posicionar e que está muito descontada depois desse resultado”, conclui.

Equipe de análise da VG Research

A equipe de analistas da VG cita Alupar (ALUP11), Sanepar (SAPR11), Oncoclinicas (ONCO3), Mater Dei, Trisul (TRIS3) e Mitre (MTRE3) como empresas com bom ponto de entrada.

No setor de utilidades públicas, segundo o analista Luan Alves, a Alupar possui bom crescimento já contratado para os próximos anos, balanço confortável e boa perspectiva de remuneração ao acionista.

Já a Sanepar é um caso clássico de value investing, segundo ele.

“A companhia atua exclusivamente no atendimento de serviços de distribuição de água e tratamento de esgoto no estado do Paraná, a sua base de ativos regulatório é 50% superior ao seu valor de mercado, seu carrego de dividendos é interessante, além de ser um serviço essencial e com ausência de competição”, coloca.

Para Trisul, o analista Lucas Lima diz que a empresa, apesar do cenário mais desafiador no curto prazo, possui um banco de terrenos bastante robusto de R$ 5,6 bilhões e muito bem posicionados, que foi adquirido com preços interessantes.

“Confiamos bastante na gestão da Trisul e acreditamos que o valuation atual é muito atrativo, uma vez que a companhia negocia cerca de 0,6x o seu valor patrimonial”, coloca.

Em relação a Mitre, Lima defende que o mercado penalizou suas ações mais do que a companhia merecia.

“O último resultado (3T22) foi misto, a empresa vem conseguindo manter uma margem bruta robusta, mas não há como fugir do cenário econômico mais deteriorado e a demanda pelos produtos da companhia reduziu de maneira relevante a velocidade de vendas”, esclarece.

Ademais, ele calcula que as ações negociam a um valuation extremamente atrativo de 0,5x o valor patrimonial, “o que na nossa visão compensa o risco”.

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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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