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Boeing pode ser multada por não consertar luz em cabine do Max

23 fev 2020, 16:10 - atualizado em 21 fev 2020, 11:21
Boeing Setor Aéreo Empresas
Agora, a falta da luz de aviso ameaça se tornar uma nova dor de cabeça para a fabricante de aviões (Imagem: Reuters/Lindsey Wasson)

Em 2017, engenheiros da Boeing descobriram que, por causa de uma falha de software, uma luz de aviso no recém-lançado 737 Max não funcionava em 80% dos aviões. Mas a empresa optou por não consertar ou informar autoridades reguladoras dos Estados Unidos.

No ano seguinte, um jato da Lion Air apresentou o problema que o alerta deveria detectar e caiu no mar de Java. A falta do alerta foi citada como um fator no acidente por investigadores indonésios. A falha da Boeing em corrigir o problema provocou críticas de políticos e famílias das vítimas.

Agora, a falta da luz de aviso ameaça se tornar uma nova dor de cabeça para a fabricante de aviões: sua ausência no jato violou os regulamentos da Administração Federal de Aviação dos EUA.

A FAA avalia impor multas, de acordo com documentos e autoridades, que podem chegar a milhões de dólares.

“Um fabricante não pode alterar as características do avião depois de ter sido certificado”, disse o então diretor interino da FAA, Daniel Elwell, em carta aos congressistas em julho passado, referindo-se ao alerta de mau funcionamento.

As multas podem se acumular rapidamente. Segundo as diretrizes da agência, grandes empresas como a Boeing podem ser multadas entre US$ 3 mil e mais de US$ 34 mil por violação. Esse valor poderia ser aplicado a cada um dos mais de 300 aviões nos quais o alerta não funcionou.

Além disso, um acordo de 2015 para arquivar 13 investigações separadas contra a Boeing – algumas delas que envolviam questões semelhantes de certificação de aeronaves – oferece à FAA uma maneira de agir rapidamente contra a empresa. A Boeing pagou US$ 12 milhões naquele caso, mas poderia ser multada em outros US$ 24 milhões se a FAA constatar que as violações continuaram.

No mínimo, a falha em divulgar que a luz de aviso não funcionava e outras divulgações recentes da empresa – como mensagens entre funcionários zombando da FAA – azedaram significativamente o relacionamento entre a fabricante de Chicago e sua reguladora.

J.E. Murdock, que atuou diretor jurídico da FAA e vice-administrador interino na década de 1980, disse que nunca viu nada parecido com o que chamou de recente “desrespeito” da Boeing por normas durante suas quatro décadas de trabalho no setor de aviação.

“Não sei como isso aconteceu, mas é preocupante”, disse Murdock.

A decisão da Boeing de omitir da FAA dois grupos de mensagens de texto e e-mails ácidos e sarcásticos entre seus funcionários é contrária à política da agência, que incentiva a divulgação de informações voluntariamente. A Boeing havia compilado pelo menos algumas das mensagens no início do ano passado, mas apenas as divulgou à FAA no fim do ano passado e em janeiro.

A FAA disse em comunicado enviado por e-mail que não comenta possíveis penalidades.

Gordon Johndroe, porta-voz da Boeing, disse que a empresa não comentaria nenhuma possível investigação em andamento. A empresa havia dito que pode estar sujeita a multas não especificadas em documento enviado à SEC no mês passado, mas acrescentou que não antecipou impacto significativo em seus resultados.

Os acidentes com o 737 Max – houve um segundo na Etiópia em março passado, no qual o alerta também não funcionou – mataram 346 pessoas, suspenderam os voos com o avião em todo o mundo e causaram custos estimados em US$ 18,6 bilhões à empresa.

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