AgroTimes

Cana velha: sem renovação ideal, crise deixou sem horizonte ganho de produtividade

25 out 2021, 16:52 - atualizado em 25 out 2021, 16:59
Cana de açúcar
Cana nova deverá demorar para atingir área considerada ideal para aumentar produtividade (Imagem: REUTERS/Marcelo Teixeira/File)

Para o Centro-Sul voltar a encostar num volume de cana-de-açúcar parecido com a última safra, deverão ser precisos entre dois e três ciclos, contando com clima favorável, como já havia se manifestado, aqui em Money Times, o consultor Ricardo Pinto.

Para se chegar a uma produtividade acima da média vista antes da crise da seca e geadas, como a vivenciada no período atual, não há nem prazo mais à vista. E produtividade é sinônimo de minimização de problemas.

O que já era difícil de ter como meta passar das 75/80 toneladas de média de cana por hectare, em conta até ambiciosa, saiu do horizonte. Cana de 3 dígitos, coisa para 100 t/ha, somente em poucas ilhas.

Ricardo Pinto, CEO da RPA Consultoria, estima que da média de 81 t/ha da safra 20/21, a produtividade desceu a 69% nesta 21/22.

Tem razão a Copersucar ao comentar que com investimentos e pesquisas se pode conseguir mais matéria-prima sem precisar de ganho de área – inclusive por o Brasil já contar com avanços em biotecnologia e materiais mais resistentes e até adaptados a condições climáticas severas.

Mas sem renovação de área não adianta nada.

E quem ainda reservou alguma área para tirar a cana velha e plantar mudas novas, certamente não terá recursos sobrando para comprar novas tecnologias.

O volume de cana envelhecida deverá crescer, complementa Pinto.

A média de renovação já era considerada aquém do necessário, há anos entre 14% e 17% da área de produção – em torno dos 7,5 milhões de hectares -, portanto longe dos 20% defendidos pelos especialistas. Deve cair muito agora, porque os custos de manejo para minimizar os estragos foram grandes e certamente os altos custos de renovação foram deixados de lado.

Descapitalizados, poucos produtores independentes conseguirão bancar. E muitas usinas não conseguirão sair da crise atual com caixa sobrando, depois que a safra deve se concluir com uma quebra de 70 a 80 milhões/t, de 605 milhões/t da última.

“Além disso, os custos se elevaram demais e há falta de insumos em geral”, explica Sérgio Castro, pesquisador e produtor da AgroQuatro-S.

A cana futura ficará mais envelhecida, entre seis e oito cortes, e não apenas a produtividade cairá, como a qualidade também.

 

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual — toda semana, com curadoria do Money Picks

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar