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Carrefour: afinal, é para comprar ou ficar longe das ações agora?

18 fev 2021, 11:09 - atualizado em 18 fev 2021, 11:09
Carrefour CRFB3
Divisão: parte dos analistas indica compra das ações do Carrefour; outra parte diz para ficar longe (Imagem: Money Times/Rafael Borges)

O balanço divulgado pelo Carrefour (CRFB3) na noite de ontem (17) dividiu as opiniões do mercado. De um lado, há quem diga que os números foram bons, mas não o suficiente para investir na ação. De outro, há os que defendem que a varejista exibiu resultados sólidos e é hora de comprar o papel.

A XP Investimentos está entre os céticos. Daniela Eiger, Thiago Suedt, Marco Nardini e Marcella Ungaretti, que assinam o relatório da gestora, reconhecem que os números foram “fortes”, puxados pelo bom desempenho da área de atacarejo, em que atua com o Atacadão, e pelo Banco Carrefour.

O quarteto até indica que a reação dos papéis, no pregão desta quinta-feira (18), pode ser positiva. Mas a boa impressão para por aí. Para a XP, ainda não está claro o que o Carrefour fará daqui para a frente – e isso importa bastante na precificação dos papéis.

“Apesar de vermos as recentes iniciativas ESG com bons olhos, ainda há muito mais a ser feito para melhorar as métricas e esforços da companhia nessa frente”, afirmam os analistas.

Faltam resultados concretos

Entre os pontos negativos apontados pela XP, está a queda de 3% nas vendas do segmento não alimentar, na comparação com 2019, atribuída à elevada base de comparação de 2019, ao fim do auxílio emergencial e ao cancelamento da campanha de Black Friday. Outro fator que desagradou a XP foi a queda de 13% na receita líquida do Banco Carrefour.

Mas o ponto mais cobrado pelos analistas é a melhoria das políticas e, sobretudo, das práticas de ESG. Como se sabe, em novembro, seguranças mataram João Alberto Silveira em uma loja da rede em Porto Alegre.

O crime gerou protestos de grupos de direitos humanos e de combate ao racismo. A pressão da opinião pública levou o vice-presidente do Carrefour a admitir que a empresa errou no episódio. A XP sublinha as iniciativas adotadas desde então, como o fim da terceirização dos serviços de segurança e a contratação de mais mulheres e negros, mas quer ver os resultados concretos dessas iniciativas.

Carrefour Brasil CRFB3 Racismo
Protestos: morte de cliente em loja de Porto Alegre lembra que o Carrefour ainda precisa avançar muito em ESG, diz a XP (Imagem: Reuters/Ricardo Moraes)

“Apesar de reconhecermos os compromissos da empresa dentro da agenda ESG e vermos com bons olhos as recentes iniciativas da companhia nessa frente, reforçamos que ainda há muito mais a ser feito para melhorar as métricas e esforços ESG do Carrefour”, afirma a gestora.

Por isso, a XP reafirmou sua recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de R$ 25 para o fim do ano. A cifra embute uma alta potencial de 24% sobre os R$ 20,13 com que fecharam ontem.

Novo patamar

Já a Ágora investimentos tem uma visão bem mais positiva da empresa. Richard Cathcart e Flávia Meireles, que assinam o comentário da gestora, reforçaram sua recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 28. Isso representa uma valorização potencial de 39%.

Para a dupla, o Carrefour divulgou “um forte conjunto de resultados”, que coroa um ano de “muitos avanços estratégicos”. Entre eles, a Ágora lista a aceleração do e-commerce, que permitiu reduzir as promoções nos hipermercados, e o lançamento do serviço de entregas das vendas online.

“Embora haja dúvidas quanto à persistência de todo esse crescimento, achamos difícil argumentar que a empresa não atingiu um novo patamar de participação de mercado”, afirmam os analistas da Ágora.

A gestora acrescenta que o Carrefour é um dos papéis mais baratos, entre os que acompanha, “apesar da forte execução, de uma posição de liderança de mercado e um formato de alto ROIC no Atacadão.” Pelas contas da Ágora, a ação é negociada por um múltiplo P/L 2021 de 15,4 vezes.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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