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Chama o Max: Precisamos falar sobre ESG

21 ago 2020, 13:25 - atualizado em 21 ago 2020, 17:32
Max Bohm
“O crescente interesse por ESG tem rapidamente transformado a indústria de investimentos”, diz o colunista

Você sabia que 75% dos jovens aceitariam ter um corte de salário para trabalhar em uma empresa socialmente responsável?

E que 73% dos jovens também pagariam mais por produtos de empresas que valorizassem a responsabilidade social e a sustentabilidade em suas operações?

Mas será que somente os jovens pensam assim?

Acho que o tema ESG ganhará cada vez mais atenção em todas as idades. Simplesmente porque estamos dando conta de que é algo que impacta a vida das gerações futuras. E quem não quer o melhor para seus filhos e netos?

Mas alguns devem estar se perguntando: o que é ESG?

À primeira olhada, você pensa se tratar de mais uma sigla do mercado financeiro. Mas quando entendemos que o termo é composto pelas iniciais de Environmental, Social e Governance (em português, Ambiental, Social e Governança Corporativa), vemos que é um assunto muito importante e que extrapola o universo financeiro.

O tema ESG se refere à preocupação com processos e atitudes que uma companhia desenvolve tendo como objetivo melhorar o seu relacionamento com o meio ambiente, com a sociedade e com o trinômio ética, isonomia e transparência.

Empresas estão cada vez mais atentas a esse tema e vem procurando disseminar esta cultura para que seja enraizada não só internamente, mas também nas relações com clientes, fornecedores e acionistas.

Isso tem uma razão em especial. O crescente interesse por ESG tem rapidamente transformado a indústria de investimentos, levando a uma expressiva movimentação dos investidores a deslocar seus portfólios para ativos que estejam alinhados com tais princípios.

Companhias com apreço pelas questões ambientais, sociais e de governança acabam provendo aos investidores mais informações que são importantes na hora de alocar capital.

Em última instância, um investidor quer aplicar seus recursos em companhias que apresentem retornos sustentáveis no longo prazo. O que está se percebendo é que funcionários mais felizes no ambiente de trabalho, fornecedores satisfeitos com relacionamento transparente e duradouro e consumidores encantados com produtos cada vez mais engajados na sustentabilidade contribuem para as empresas ganharem produtividade e expandirem os seus lucros. Quanto maior o lucro, maior o retorno ao acionista.

Estamos virando uma chave importante no mercado financeiro. A empresa que não se adaptar rapidamente ficará de fora nas novas ondas de investimento. O investidor gringo está de olho nisso e quando voltar a aportar aqui no Brasil, não tenho dúvidas de que o capital será canalizado para aquelas que já estão inseridas de corpo e alma na causa ESG.

Não à toa, companhias internacionais estão cada vez mais engajadas. Apple e Microsoft anunciaram nas últimas semanas que pretendem reduzir drasticamente a emissão de carbono nos seus processos produtivos. A Amazon declarou que nos próximos anos substituirá toda a energia consumida em suas operações por soluções renováveis. Intel e SAP desejam ter pelo menos 30% de mulheres em cargos de liderança nos próximos cinco anos.

B3 B3SA3 Ibovespa Mercados
“Dentre as companhias listadas na B3, começo a ver […] uma maior disponibilidade em oferecer ao investidor informações sobre as ações nos campos ambiental, social e ético”, comenta Max Bohm (Imagem: B3/LinkedIn)
O mundo já adotou o ESG. E no Brasil? Como estamos nesse assunto?

Nosso país está em um estágio bem inicial se compararmos com os países desenvolvidos. Nossas empresas ainda possuem áreas de pequeno porte dedicadas a conduzir essa mudança de mindset em suas culturas.

Dentre as companhias listadas na B3 (B3SA3), começo a ver uma evolução no tema e, sobretudo, uma maior disponibilidade em oferecer ao investidor informações sobre as ações nos campos ambiental, social e ético.

A mensagem está cada vez mais clara. As empresas que não demonstrarem atenção às questões sobre recursos naturais, direitos humanos, boas relações trabalhistas, cuidado com a comunidade onde estão inseridas e procedimentos claros contra a corrupção estarão fora do jogo.

Assim, consumidores boicotarão seus produtos, fornecedores não vão querer se associar à marca, pessoas não se sentirão realizadas em trabalhar naquela empresa e investidores reduzirão a injeção de capital de forma significativa.

Mais do que uma tendência, trata-se de um caminho sem volta. Na minha opinião, as ações de empresas que se adaptarem mais rapidamente e forem reconhecidas com o selo “ESG” terão valorizações exponenciais no longo prazo. O fluxo de investimentos será direcionado para elas, que merecerão um prêmio em seu valuation ao longo do tempo. Natura (NTCO3) e Ambipar (AMBP3) já largaram na frente.

Pensar ESG é pensar em sustentabilidade a longo prazo. Mais do que isso, é fazer o bem, prestigiar quem faz, estimular a igualdade e investir de forma inteligente, consciente e com retornos relevantes.

Equity Research, CNPI, CGA
Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
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Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
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