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Chama o Max: São tantas emoções

24 jul 2020, 11:31 - atualizado em 24 jul 2020, 11:31
Nos últimos quatro meses, a Bolsa deu um show ao colocar em evidência disciplinas como psicologia econômica, finanças comportamentais e neuroeconomia, diz o colunista

Cada dia que passa eu fico mais surpreso com o modo como a psicologia e as finanças estão entrelaçadas quando o assunto é a decisão de investir.

Disciplinas como psicologia econômica, finanças comportamentais e neuroeconomia estão cada vez mais em evidência quando o assunto é investimento. Seria muito bom se esses conceitos fossem mais disseminados para termos investidores melhores e mais bem-sucedidos.

Nos últimos quatro meses, a Bolsa deu um show nesse quesito. Não faltaram momentos apoteóticos que evidenciassem como os fatores psicológicos influenciam na tomada de decisão dos investidores.

Quem teve sangue frio para aproveitar as oportunidades quando o Ibovespa estava próximo aos 60 mil pontos está rindo à toa. Já quem tiver a percepção (mais à frente) de que a euforia está passando por cima dos fundamentos venderá na hora certa.

Estamos tendo uma aula de como é importante manter suas emoções dissociadas do mercado.

Quantas vezes você, de maneira dolorosa, jogou a toalha em uma ação porque ela não parava de cair e, dias ou semanas depois, a mesma ação começou a se recuperar? Mais de uma vez, não é?

Ou o oposto: quando investidores ficam tentados a comprar ações que não param de subir. Você monitora aquela ação vencedora por muito tempo; gostaria de ter comprado a um preço mais baixo. Na escalada da ação, você acaba não se aguentando e compra. Semanas depois, você percebe que a sua compra marcou justamente a máxima histórica da ação e então ela começa a cair.

Quem nunca?

Certa vez, li que um dos caminhos para se ter mais sabedoria é aprender com os erros. Isso se aplica perfeitamente ao mercado financeiro.

Sua filosofia de investimento será moldada por suas experiências. E pode ter certeza de que você vai aprender muito mais com os erros do que com os acertos. Estômago “calejado” conta muito no mercado.

Eu mesmo tenho uma lista de erros que me ajudaram a formar o profissional que sou hoje. Dentre as inúmeras histórias, posso citar algumas:

A insistência com a ação da OGX; o pouco caso que fiz quando a ação da Magazine Luiza (MGLU3) estava a R$ 0,20 no final de 2015; a falta de coragem em recomendar Weg (WEGE3), que sempre surpreende positivamente; e, mais recentemente, a sugestão de venda da ação de Cogna (COGN3), quando ela estava a R$ 5,00, justificada pelo receio dos impactos do desemprego nos seus resultados, mesmo sabendo que havia um gatilho importante, como o IPO da Vasta, seu braço de ensino básico (o IPO está para acontecer e a ação agora está acima de R$ 9,00).

Mas se até Warren Buffett erra e ele errou muito na condução dos seus investimentos nesta crise, por que eu, mero mortal, não posso errar? A vida do investidor será sempre uma coleção de erros e acertos, mas o mais importante é aprender com os erros para poder acertar mais.

Ibovespa
“Use a irracionalidade a seu favor. Exageros sempre acontecem, portanto, esteja sempre preparado”, aconselha Max Bohm (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

Na maioria das vezes, erramos porque deixamos nossos sentimentos comandar nossa mente.

E emoção é um dos maiores inimigos do investidor. O medo torna mais difícil ficar otimista quando os preços estão caindo. Do mesmo jeito que a ganância pode cegar os investidores diante de uma mudança de cenário ou dos fundamentos.

Controlar suas emoções é fundamental. Manter um equilíbrio apropriado entre otimismo e medo fará com que o investidor consiga sobreviver às flutuações do mercado e, assim, ter uma vantagem sobre 95% dos demais.

Use a irracionalidade a seu favor. Exageros sempre acontecem, portanto, esteja sempre preparado.

Nesse sentido, um dos gurus de microcaps que gosto de acompanhar costuma falar que quando a volatilidade dos mercados está muito alta, ele gosta de ligar a TV para assistir ao noticiário.

Se a maioria das pessoas está com o mesmo sentimento, talvez seja uma boa aposta fazer o contrário. É altamente recomendado ficar otimista quando a massa está em pânico.

Pensando bem, faz todo o sentido. Há alguns meses, William Bonner estava o pessimismo em pessoa — era hora de comprar Bolsa. Vou ficar atento a isso: quando ele falar insistentemente que o Ibovespa atingiu uma nova máxima histórica, vou recomendar venda.

Aprendi com algumas referências do mercado lições que quero dividir com vocês: i) invista no que você conhece e tenha consciência do que você não conhece; ii) invista em um bom time de gestão, que possa transformar algo simples em algo extraordinário; iii) invista em negócios, não em ações; e iv) tenha sempre caixa, pois assim você será menos emocional e tirará proveito da queda dos preços.

Confiança, medo, euforia, coragem, disciplina e paciência são comportamentos que nos ajudam a reconhecer e, principalmente, saber lidar com a importância da psicologia e a sua influência nos mercados.

Sabendo que, como investidores, somos 5% intelecto e 95% temperamento, use suas experiências para tomar as melhores decisões e construa sua própria história de sucesso nos investimentos.

Equity Research, CNPI, CGA
Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
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Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
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