Bancos

Chefes de BCs globais dizem dever priorizar luta contra inflação em vez de crescimento

29 jun 2022, 15:56 - atualizado em 29 jun 2022, 15:56
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“É altamente provável que o processo envolva alguma dor, mas a pior dor seria não conseguir lidar com essa inflação alta e permitir que ela se torne persistente”, disse o chair do Federal Reserve, Jerome Powell (Imagem: Kevin Dietsch/Pool via Reuters/File Photo)

Reduzir a inflação mundial será doloroso e pode até mesmo prejudicar o crescimento, mas isso deve ser feito rapidamente para evitar que o rápido avanço dos preços se enraíze, disseram os chefes dos principais bancos centrais globais nesta quarta-feira.

A inflação está tocando máximas em várias décadas em todo o mundo, à medida que os preços crescentes da energia, gargalos na cadeia de suprimentos no período pós-pandemia e, em alguns casos, fortes mercados de trabalho aumentam o custo de tudo e ameaçam gerar uma espiral salários-preços difícil de quebrar.

“É altamente provável que o processo envolva alguma dor, mas a pior dor seria não conseguir lidar com essa inflação alta e permitir que ela se torne persistente”, disse o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, na conferência anual do Banco Central Europeu (BCE) em Sintra, Portugal.

Já a presidente do BCE, Christine Lagarde, reiterou as palavras de Powell e afirmou que a baixa inflação da era anterior à pandemia não retornará, e que o BCE, que tem persistentemente subestimado o crescimento dos preços, precisa agir agora porque a aceleração dos preços provavelmente permanecerá acima da meta de 2% nos próximos anos.

Riscos

Elaborar um aperto da política monetária para evitar uma recessão nos Estados Unidos é certamente possível, disse Powell. Mas ele também acrescentou que o caminho é difícil e não há garantias de sucesso.

“Existe o risco de irmos longe demais? Certamente há um risco, mas eu não concordaria que esse é o risco maior para a economia”, disse ele. “O erro maior seria falhar em restaurar a estabilidade de preços.”

O BCE já sinalizou aumentos das taxas de depósito em julho e setembro, enquanto o Fed subiu os juros em 0,75 ponto percentual em junho e pode optar por um movimento semelhante no mês que vem.

O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) elevou os juros em 0,25 ponto percentual, para 1,25%, neste mês –seu quinto incremento consecutivo– e disse que agiria “com mais força” no futuro se visse uma persistência maior da inflação.

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O BCE já sinalizou aumentos das taxas de depósito em julho e setembro, enquanto o Fed subiu os juros em 0,75 ponto percentual em junho e pode optar por um movimento semelhante no mês que vem (Imagem: REUTERS/Kai Pfaffenbach)

“Haverá circunstâncias em que teremos que fazer mais”, disse o presidente do BoE, Andrew Bailey, na conferência. “Ainda não chegamos lá em termos da próxima reunião. Ainda falta um mês, mas isso está na mesa.”

“Mas você não deve presumir que é a única coisa na mesa”, afirmou ele, referindo-se a outra elevação de 0,25 ponto percentual.

No entanto, Bailey também alertou que a economia britânica está agora, claramente, em um ponto de virada e que está começando a desacelerar.

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