Internacional

China: As armas econômicas contra Taiwan

04 ago 2022, 13:16 - atualizado em 04 ago 2022, 13:16
Bandeiras da China e de Taiwan
China responde com sanções econômicas e exercícios militares à visita da presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, a Taiwan nesta semana (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

A visita de Nancy Pelosi a Taiwan despertou a ira das autoridades chinesas. Além dos exercícios militares que estavam programados a partir de hoje, Pequim reagiu com uma série de sanções econômicas contra a província rebelde.

Do lado das importações, a China suspendeu as compras de frutas, peixes e dos famosos biscoitos de Taiwan. Já do lado das exportações, as vendas de areia natural, amplamente utilizada na construção civil, foram reduzidas à metade.

As exportações de alimentos da ilha representam, em média, menos de 1% do total dos produtos exportados. Portanto, o impacto das proibições de importação da China é maior na indústria agrícola.

Ainda assim, a medida tem um impacto importante para o partido no poder em Taiwan. O setor é crucial para a manutenção da base de apoio à atual presidente, Tsai Ing-wen.

“Mais significativa é a proibição das exportações de areia da China para Taiwan, o que afetará a indústria de construção da ilha”, observa o ING, em relatório. “Taiwan pode importar areia de outras economias, mas os custos de envio serão maiores”, comentam os especialistas em Ásia do banco holandês, Robert Carnell e Iris Pang.

Semicondutores e a cadeia global

Porém, o principal item de exportação de Taiwan são os semicondutores. Mas a China também já prepara um triunfo tecnológico.

A chinesa Yangtze Memory Technologies revelou uma tecnologia de chip de memória que pode ajudar a fechar a lacuna de chips em relação aos rivais Estados Unidos e Coreia do Sul. O chip é o primeiro a apresentar 232 camadas de células de memória, segundo relatos na imprensa internacional.

Ao mesmo tempo, o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de Taiwan acendeu o sinal de alerta sobre as perspectivas do comércio global. O componente do indicador referente aos novos pedidos de exportação de eletrônicos cai quase 7 pontos, afundando ainda mais em território contracionista, a 34 pontos.

Para o BCA Research, o número sugere que a demanda por semicondutores está se contraindo em meio à queda nos gastos do consumidor com bens, que já retrocedeu dois terços desde o pico da pandemia. Com a alta da inflação pesando no poder de compra, as famílias acabam gastando mais em serviços.

“E isso está pesando em toda a produção da indústria”, diz, em relatório. Assim, os ventos contrários enfrentados pela cadeia global de manufatura também provocam uma dinâmica negativa para os estoques de semicondutores.

Treasuries como arma?

Recentemente, a China reduziu a quantidade de títulos do Tesouro dos Estados Unidos em poder para abaixo de US$ 1 trilhão. Foi a primeira vez desde 2010 que a exposição aos chamados Treasuries ficou abaixo dessa marca simbólica.

Mas qualquer relação entre o movimento e a questão de Taiwan parece sem sentido. Há muitos outros fatores que impulsionam o declínio chinês nas participações dos Treasuries.

Para o ING, a redução da exposição parece estar relacionada à intervenção cambial chinesa para manter a cotação do yuan (renminbi) estável em um ambiente de dólar forte.

Porém, Carnell e Pang não descartam que um declínio adicional das participações chinesas nos Treasuries parece provável. “Ainda mais considerando-se a piora da questão geopolítica após a invasão da Ucrânia pela Rússia e o bloqueio às reservas cambiais russas”, comentam os analistas do ING.

Portanto, dois dos cinco pontos que podem tornar mais provável um conflito maior entre EUA e China já tiveram atualizações. E o jogo continua se movendo.

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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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