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China reduz participação em Treasuries para abaixo de US$ 1 trilhão; entenda

20 jul 2022, 12:35 - atualizado em 20 jul 2022, 12:35
China
China reduz exposição aos títulos da dívida dos EUA para abaixo de US$ 1 trilhão pela primeira vez desde 2010 (Imagem: REUTERS/Aly Song)

A China reduziu a quantidade de títulos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasuries) para abaixo de US$ 1 trilhão, segundo dados divulgados nesta semana.

É a primeira vez desde 2010 que a quantidade de Treasuries em poder da China ficou abaixo dessa marca simbólica. Em maio, a participação chinesa em títulos dos EUA caiu a US$ 981 bilhões.

Trata-se de uma redução de US$ 22,6 bilhões em relação a abril. Já em comparação com maio de 2021, a participação da China nos títulos soberanos americanos encolheu 9%.

Mico na mão?

Não é de hoje que a China vem reduzindo a exposição aos títulos dos EUA. A China caiu para o segundo lugar no ranking de maior detentora de Treasuries em junho de 2019, ficando atrás do Japão.

Mesmo assim, o detentor estrangeiro número um na dívida dos EUA também vem reduzindo a participação. O Japão encolheu em 4% em maio a detenção de Treasuries, para US$ 1,21 trilhão.

Embora os dois principais detentores estrangeiros da dívida dos EUA tenham reduzido suas participações, as compras externas líquidas nos Treasuries estão aumentando.

A Bélgica, por exemplo, é o oitavo maior detentor em títulos dos EUA, com US$ 268 bilhões, e parte desse aumento vem da diminuição da exposição da China.

“O movimento indica a confiança dos investidores na capacidade do Federal Reserve de domar a inflação em relação a outros bancos centrais”, avalia o BCA Research, em relatório.

Porém, caso o crescimento acelere no resto do mundo, enquanto a economia americana perde tração e os lucros corporativos ficam menores, as taxas de juros fora dos EUA ficam com retornos reais (descontada a inflação) mais atrativos.

O comentarista Hu Xijin, do jornal estatal Global Times, postou mensagem na rede social do Twitter nesta semana, dizendo que a China estava perdendo a confiança na economia dos EUA.

“Reduzir a participação na dívida dos EUA tem sido uma exigência da opinião pública chinesa. O povo chinês está perdendo a confiança na economia dos EUA e em sua credibilidade. Portanto, é melhor deixar que os países da aliança Five Eyes e outros aliados dos EUA detenham mais dívidas dos EUA”, escreveu o jornalista chinês.

Treasuries e dólar são abrigo

A dinâmica nos Treasuries é relevante principalmente para o dólar. “Houve entrada maciça nos títulos, o que foi um dos impulsionadores da força do dólar”, destaca o BCA Research, em relatório.

Esses fluxos em direção a ativos seguros, como os bônus americanos e o dólar, funcionam como uma ferramenta mais útil para gerenciar a busca por proteção.

Desde que o Federal Reserve iniciou a campanha de aumento na taxa de juros dos EUA, o índice acionário americano S&P ligado aos bônus caiu 8%.

Já o índice DXY, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de moeda, disparou 11%.

Mas há o risco de que o dólar esteja supervalorizado. “Há espaço para que a moeda enfraqueça no longo prazo, se a inflação nos EUA perder força e a economia global alcançar um pouso suave”, avalia o BCA.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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