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China busca mais capital de giro para finalizar empreendimento imobiliários

05 dez 2023, 16:20 - atualizado em 05 dez 2023, 16:20
china imobiliario construtoras
China: O governo divulgou medidas para aumentar liquidez e giro para as incorporadoras e construtoras. (Imagem: REUTERS/Aly Song)

Além de continuar gradualmente sua reabertura, a China tem reforçado também sua circulação de economia interna para reativar o consumo, emprego, renda e atividade industrial no mercado doméstico.

A primeira reunião do recém-criado comitê central financeiro concentrou a discussão em finanças imobiliárias. Várias medidas foram aprovadas para recuperar o setor imobiliário, que junto com toda sua cadeia produtiva, corresponde aproximadamente 18% do PIB chinês.

China: Incentivos para setor imobiliários

Mesmo que a demanda ainda esteja bem abaixo da expectativa, já há bons incentivos para facilitar a compra.

Potenciais compradores de imóveis, por exemplo, podem adquirir mais de uma propriedade sem perder o benefício de dar pouca entrada e pegar empréstimos bancários baratos de longo prazo e com baixo valor de entrada. Os habitantes da área rural também podem começar a comprar propriedade nas cidades.

No entanto, poucos apoios foram oferecidos para o lado de oferta. Muitas construtoras não conseguem finalizar a obra ou iniciar um empreendimento que já foi vendido por falta de dinheiros. Vale lembrar que essas empresas usaram os pagamentos dos compradores para arrematar novos terrenos estratégicos, que hoje valem muito menos devido ao período de crise.

Com baixo valor de garantia real, os bancos começaram a restringir os créditos. As construtoras já vêm sofrendo com a dificuldade de gerar fluxos de caixa operacional, pois não conseguem vender no ritmo e nem nos preços que planejavam.

Sem novos empréstimos ou refinanciamentos bancários, essas empresas não conseguem executar suas obras prometidas. Algumas construtoras fraudulentas pioraram ainda mais a reputação do setor imobiliário, consequentemente, puxam junto as condições de crédito para setor.

Mais oferta de crédito para construtoras

Na semana passada, o governo chinês divulgou medidas que aliviam parcialmente as restrições de “três linhas vermelhas” de 2020 para aumentar liquidez e giro para as incorporadoras e construtoras.

Os bancos chineses, por exemplo, não têm mais restrição para apoiar as construtoras e incorporadoras qualificadas com empréstimos direcionais de curto prazo para finalizar as obras e empreendimentos inacabados.

O objetivo é criar mecanismos de direcionar empréstimos carimbados por empreendimento “pendente” e dar maior poderes aos credores e bancos em liderar a reestruturação das dívidas das construtoras sérias em dificuldade para garantir a finalização das obras com entrega garantidas para os proprietários do imóvel. Isso vai ajudar reestabelecer confiança dos potenciais compradores e investidores, aumentando volume e preços de compras e vendas na negociação.

Além disso, a volta de novos apoios de financiamento também vai ajudar as construtoras em reativarem os projetos de urbanização dentro das maiores cidades. Por exemplo, reconstrução e demolição de bairros antigos para reativar a economia local. As novas moradias vão atrair novos moradores, comércios e polo de serviços para esses bairros.

O mercado financeiro também já começa a perceber a boa intenção do regulador chinês em amenizar o impacto negativo da crise imobiliária na economia. Mesmo sabendo que este tipo de crise sempre demora pelo menos de 5 a 10 anos para resolver, essa boa perspectiva de recuperação do setor no longo prazo tem ajudado as incorporadoras em crise financeira a chegar um acordo viável com seus credores.

Recentemente, a Sunac China, uma das maiores incorporadoras, concluiu um acordo com seus credores externos e internos para executar seu plano de recuperação.

Já a Country Garden conseguiu reestruturar suas dívidas com credores domésticos, enquanto a negociação com credores estrangeiros continua, a Country Garden conseguiu reestruturar suas dívidas com credores domésticos.

E o Brasil com isso?

No curtíssimo prazo, não há efeito imediato desse pacote de incentivo imobiliário na economia real. Por outro lado, essa boa perspectiva da recuperação vai ajudar a reduzir a volatilidade e especulação financeira sobre os preços de minério de ferro e de aços no mercado futuros.

Também terá efeitos sobre as ações das empresas produtoras, uma vez que essas commodities estão com excesso de estoque na China.

Já efeito positivo concreto dessas mediadas só vai aparecer na economia chinesa a partir do segundo semestre de 2024.

As construtoras e as incorporados que conseguirem um novo capital de giro no primeiro semestre, começam a finalizar as obras e entregar os imoveis a partir de segundo semestre.

Essa reativação vai reduzir excesso de estoque de materiais de construção, estabilizar os preços e injetará mais confiança para toda cadeia produtiva relacionada com setor de construção civil, móveis e decorações, contribuindo para crescimento do PIB chines de 2024.

*As análises e opiniões são de responsabilidade exclusiva do autor e não representam uma visão das instituições das quais o autor pertence.

Hsia Hua Sheng é vice-presidente do Bank of China (Brasil) S.A. e professor associado de finanças na Fundação Getulio Vargas (FGV- EAESP). Ele é economista pela Universidade de São Paulo (FEA - USP), doutor e mestre em administração em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV – EAESP). Foi pesquisador visitante na NYU Stern School of Business e na Shanghai University of Finance and Economics (SHUFE). É especialista em finanças internacionais com foco em mercados emergentes, com larga experiência profissional em multinacionais e possui várias publicações em revistas acadêmicas e profissionais de excelências internacionais e nacionais.
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Hsia Hua Sheng é vice-presidente do Bank of China (Brasil) S.A. e professor associado de finanças na Fundação Getulio Vargas (FGV- EAESP). Ele é economista pela Universidade de São Paulo (FEA - USP), doutor e mestre em administração em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV – EAESP). Foi pesquisador visitante na NYU Stern School of Business e na Shanghai University of Finance and Economics (SHUFE). É especialista em finanças internacionais com foco em mercados emergentes, com larga experiência profissional em multinacionais e possui várias publicações em revistas acadêmicas e profissionais de excelências internacionais e nacionais.
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