ImóvelTimes

“China precisa agir”; Crise imobiliária se espalha e alcança até as empresas mais fortes

18 jan 2022, 13:24 - atualizado em 18 jan 2022, 13:24
Analistas esperam que a situação se agrave a menos que o governo melhore o acesso do setor imobiliário a linhas de financiamento (Imagem: REUTERS/Jason Lee)

O contágio financeiro voltou a ameaçar o setor imobiliário da China, pressionando o governo de Xi Jinping a aumentar esforços para isolar as incorporadoras mais robustas do país.

Os títulos denominados em dólar da Country Garden Holdings, maior incorporadora chinesa pelo critério de vendas, sofreram a pior queda em registro. O valor de face dos papéis caiu para menos de 62% e as ações da companhia atingiram a menor cotação em quase cinco anos.

O movimento de venda de ativos pela primeira vez atingiu emissoras mais fortes, como Longfor Group Holdings e China Vanke, além de instituições especializadas em créditos de recebimento duvidoso, que têm exposição ao mercado imobiliário.

O pânico pareceu recuar um pouco na terça-feira, quando os títulos de incorporadoras reverteram parte das perdas do pregão anterior. No entanto, analistas esperam que a situação se agrave a menos que o governo melhore o acesso do setor imobiliário a linhas de financiamento.

Segundo economistas do Citigroup, as autoridades talvez precisem flexibilizar restrições ao uso de receitas pré-venda para fins de captação e anunciar “o mais rápido possível” uma versão mais branda de um imposto predial nacional.

Além disso, a expectativa é que os bancos reduzam a taxa de referência dos financiamentos imobiliários na quinta-feira.

“A propagação da crise das empresas mais fracas para aquelas com grau de investimento mostra quanto tempo essas companhias podem sobreviver sem apoio governamental”, disse Anthony Leung, responsável pela área de renda fixa da Metropoly Capital HK.

“Os melhores créditos podem durar mais, porém com o tempo passando sem a chegada de apoio, nem os mais fortes sobreviverão.”

O risco crescente de contágio financeiro ressalta o desafio de Xi na reforma do mercado de imóveis residenciais, sobretudo em um momento em que a variante ômicron atrapalha as perspectivas para a economia.

Xi vem tentando reduzir a ameaça que um colapso imobiliário representaria para o sistema financeiro. Seu governo também procura diminuir a desigualdade de renda no país.

“Vemos urgência para o governo estabilizar o setor imobiliário”, afirmaram os analistas do Citigroup Xiangrong Yu e Xiaowen Jin em relatório divulgado na segunda-feira.

“Em particular, pode ser necessário reforçar o crédito e flexibilizar os regulamentos aplicados aos fundos pré-venda das incorporadoras privadas.”