AgroTimes

Chuvas fortes em Mato Grosso ameaçam safra de soja brasileira

05 mar 2021, 10:40 - atualizado em 05 mar 2021, 11:15
Cerca de metade das safras de soja em Mato Grosso estão perto da maturidade ou prontas para a colheita (Imagem: Pixabay)

Produtores de soja nas principais regiões de cultivo do Brasil começam a se preocupar com perdas nas safras, pois as fortes chuvas ameaçam a colheita no maior produtor mundial da commodity.

Silvésio de Oliveira é um desses produtores. Ele produz soja em Tapurah, no norte de Mato Grosso, onde a situação é mais grave. Oliveira colheu 85% dos 1.350 hectares plantados apesar das chuvas, mas, na semana passada, não conseguiu entrar nos campos encharcados para terminar o trabalho. Oliveira já perdeu 100 hectares.

“A chuva forte e o vento derrubaram a planta no chão”, disse Oliveira em entrevista. “Como não pude colher, os grãos apodreceram.”

Cerca de metade das safras de soja em Mato Grosso estão perto da maturidade ou prontas para a colheita, mas as chuvas estão impedindo a coleta dos grãos. O estado é responsável por 25% da produção de soja brasileira. Outros estados produtores, incluindo Paraná, Maranhão e Tocantins, enfrentam problemas semelhantes.

“Já temos muitas regiões com perda de qualidade”, disse Fernando Cadore, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). “Há muita soja pronta, mas não tem sido colhida há 10 dias em meio às chuvas”, disse em entrevista.

As possíveis perdas no Brasil podem elevar ainda mais os preços da soja, que já têm sido impulsionados recentemente por preocupações com o clima na América do Sul.

Os futuros da soja em Chicago subiram 55% nos últimos 12 meses. Apenas 25% da área plantada havia sido colhida até o final de fevereiro, o menor nível em uma década, segundo a consultoria AgRural.

O excesso de chuvas também pode piorar o atraso nos embarques de soja do Brasil e desviar parte da demanda para os Estados Unidos, o segundo maior produtor mundial.

Perdas de safra

Agronegócio, Soja, BrasilAgro
Estão previstas chuvas frequentes para as plantações da oleaginosa em março, ampliando os riscos climáticos (Imagem: YouTube/BrasilAgro)

Mesmo com muitos problemas climáticos – desde a seca que atrasou a semeadura e prejudicou o desenvolvimento das mudas ao excesso de chuva que acabou por prolongar e o ciclo de desenvolvimento da lavoura -, as perdas no país ainda são isoladas. Com isso, analistas de mercado ainda projetam produção recorde de soja no Brasil na atual temporada.

Ainda estão previstas chuvas frequentes para as plantações da oleaginosa em março, ampliando os riscos climáticos.

Metade da área de cultivo de soja no Mato Grosso estará pronta para a colheita este mês, e as chuvas contínuas podem impedir que o grão seja colhido a tempo de evitar danos, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural, o que resultaria em safra menor.

“Por enquanto, é impossível medir”, disse em entrevista, acrescentando que o risco também é visto em menor escala em outros estados.

Chuvas fortes voltarão ao Mato Grosso após um alívio parcial na sexta-feira e no sábado, de acordo com a Somar Meteorologia. O padrão pode persistir no segundo decêndio de marco.

“A previsão é de bastante umidade em Mato Grosso neste fim de semana, mas diminuirá um pouco na próxima semana até o final do mês”, disse Don Keeney, meteorologista agrícola sênior da Maxar. Essas melhorias permitirão que os produtores acelerem um pouco a colheita, afirmou.

“Não é uma oportunidade totalmente aberta, mas as condições definitivamente devem melhorar um pouco.”

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