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Cielo (CIEL3) chega aos 28 anos com Stone e PagSeguro no retrovisor; empresa revela armas para garantir mais 28

11 dez 2023, 19:00 - atualizado em 12 dez 2023, 11:55
Cielo
(Imagem: Divulgação)

A Cielo (CIEL3) é um caso emblemático na bolsa. Até 2018, a ação era tida como inabalável. A marca dominava os meios de pagamentos e chegou a ter 53% do mercado no seu pico, em 2013. Ano a ano, contudo, a companhia viu a sua participação cair.

A partir de  2019, novas entrantes sacramentaram o processo de perdas. Oferecendo mais tecnologia e menos taxas, empresas como Stone (STOC31STNE) e PagSeguro  (PAGSPAGS34) se tornaram nomes preferidos de investidores. Chegaram à bolsa de Nova York valendo bilhões de dólares. Enquanto isso, a Cielo viu o seu papel derreter 90%. A participação de mercado caiu a 27% em 2021.

Porém, uma nova reviravolta: a disparada da Selic, a taxa básica de juros, que saiu de 2% para 13,75%, fez com que as até então queridinhas sofressem mais, enquanto a Cielo, com maior estrutura, conseguiu aguentar o tranco. A ação voltou a ganhar impulso e saiu dos R$ 2 para os R$ 5, mas ainda bem longe da casa dos R$ 20 que ostentava em 2016.

Agora, a empresa completa 28 anos e aposta em novas soluções para se adequar as mudanças frenéticas dos meios de pagamentos. Além das novas entrantes, o PIX, sistema do Banco Central de pagamento instantâneo, entrou na rotina do brasileiro, colocando mais dúvidas no modelo de negócios da empresa.

Mas Carlos Alves, VP de tecnologia e negócios da Cielo, garante que a empresa está preparada para as novas tecnologias, transformando-as não em vilãs, mas em aliadas. Abaixo você confere a entrevista exclusiva dada ao Money Times.

Carlos Alves
“A Cielo é referência no setor de meios de pagamento pelos seus atributos de excelência operacional, segurança, inovação e dados”, destaca Carlos Alves (Imagem: Divulgação)

Money Times: 28 anos de Cielo. O que mudou desde que a empresa foi criada?

Carlos Alves: Em quase três décadas de história, a Cielo passou por diversas mudanças que acompanham a evolução da tecnologia. É possível dizer que a história do setor se confunde com a própria história da empresa. Desde sua criação, quando ainda se chamava VisaNet, sempre buscamos aprimorar os pilares de inovação, segurança, dados e varejo a fim de garantir a melhor experiência ao cliente.

Temos uma área dedicada só para acompanhar as mudanças e evoluções dos meios de pagamentos. Nós investimos para criar e oferecer a mais completa linha de produtos e serviços do mercado de adquirência.

Assim, as mudanças estão alinhadas com as principais tendências do setor, bem como com o comportamento do consumidor.

Alguns exemplos disso, são os serviços de: NFC (pagamento por aproximação), sendo a Cielo – ainda VisaNet – a primeira adquirente, em parceria com o Bradesco e a Visa, a disponibilizar esse método há 15 anos, participação nas soluções de pagamentos P2P e P2M pelo WhatsApp, e o Cielo Tap, que usa a tecnologia Tap on Phone, para transformar celulares e tablets em maquininhas.

Além disso, posso citar nossos produtos de dados, que apoiam o varejo. O ICVA, Índice Cielo do Varejo Ampliado, é nosso principal termômetro do varejo brasileiro, calculado a partir de informações reais do varejo, obtidas das soluções de pagamento Cielo (físico e digital).

E o Cielo Farol, que reúne um conjunto de informações sobre a performance do negócio do cliente e a compara com negócios similares, que permite identificar de forma simplificada onde estão os pontos fortes e fracos de cada negócio, bem como criar estratégias para reforçar a relação com seus atuais clientes e alcançar novos.

Essas e outras soluções da Cielo representam os avanços do segmento a favor da digitalização e democratização dos meios de pagamento para os negócios e consumidores.

Money Times: O que a Cielo espera para os próximos 28 anos?

Carlos Alves: Vamos continuar a reforçar o nosso posicionamento de ser a marca parceira de quem tem um negócio no Brasil.

Para isso, além de oferecer soluções de ponta, nós seguiremos investindo em ferramentas que possibilitam a capacitação e o compartilhamento de conteúdo voltado desde o pequeno até o grande varejista.

Sempre atentos a evolução do mercado e das necessidades dos clientes, esperamos provocarmos mudanças que tragam maior eficiência e geração de valor, evolução na experiência do cliente no core de adquirência e acelerar soluções que vão além do core, como serviços de valor agregado e distribuição de serviços financeiros, por exemplo.

Money Times: Com o surgimento de novas tecnologias, como PIX e pagamento pelo celular, acha que o modelo de negócios da Cielo corre perigo?

Precisamos olhar para as novas tecnologias como oportunidades para nosso modelo de negócios, ferramentas para continuar a oferecer as melhores experiências aos nossos clientes.

Uma pesquisa feita pelo FGVcia (Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas) mostra que o Brasil possui uma média de 2,2 dispositivos digitais por habitante.

Esse número justifica a popularização de soluções como PIX e pagamento pelo celular e nós continuaremos a acompanhar essa vontade dos consumidores e assim oferecer novas soluções compatíveis com a mobilidade do setor, para que todos possam usar nossas soluções de forma prática, segura e com gestão.

Exemplo de como isso vem sendo implementado na Cielo: a tecnologia do PIX já está integrada nas maquininhas, no link de pagamento e nas soluções de e-commerce da marca, possibilitando a conciliação mais fácil de pagamentos.

Este ano, também lançamos a ferramenta Cielo Tap que permite que o portador aproxime seu cartão de débito ou crédito, smartphone, relógios e outros dispositivos dotados com a tecnologia de aproximação (NFC) de um celular (também com a tecnologia NFC) para realizar pagamentos. Dessa forma, a solução dispensa a necessidade de uma maquininha tradicional para receber pagamentos.

Money Times: O que a Cielo está fazendo para não ficar para trás em meio às mudanças frenéticas do setor de pagamento?

Carlos Alves: Tudo que vivemos de história de meios de pagamentos, tecnologias e novas formas de consumir nos ajudou a termos um terreno preparado para podermos avançar conforme a evolução do setor.

O que se espera hoje é que além de entregar o core business, qualquer empresa que deseje sobreviver necessita olhar para a próxima fronteira em termos de digitalização, omnicanalidade, hub de serviços e, principalmente, de experiências e inovações.

Diante deste cenário, buscamos oferecer um amplo portfólio de serviços que atendam às necessidades dos nossos clientes de ponta a ponta.

Money Times: Quais os diferenciais da Cielo em relação às outras empresas de pagamento, como PagSeguro e Stone?

Carlos Alves: A Cielo é referência no setor de meios de pagamento pelos seus atributos de excelência operacional, segurança, inovação e dados.

Pelo segundo ano consecutivo, fomos considerados a marca mais lembrada na categoria “Maquininha de Cartão” do Prêmio Top of Mind 2023, realizado pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo instituto Datafolha.

Entre os nossos diferenciais, podemos citar:

Cielo Farol e ICVA, comentados anteriormente, e a nossa atuação com grandes empresas, como a Meta, referência em inovação. O pagamento realizado através do WhatsApp Business trouxe mais praticidade e segurança aos nossos clientes;

Entre os últimos lançamentos da Cielo está a Comunidade Negócios em Movimento, uma plataforma voltada para empreendedores e varejistas compartilharem vivências e discutirem aprendizados com dicas de especialistas que os ajudam a entender melhor aspectos fundamentais para os negócios.

Money Times: A Cielo é atualmente negociada a um múltiplo preço-lucro significativamente abaixo da média do setor. Como você interpreta essa avaliação de mercado e que mensagem gostaria de transmitir aos investidores sobre as perspectivas de longo prazo da empresa?

Carlos Alves: Recentemente, na divulgação de resultados do 3T23, apresentamos nossos resultados financeiros e mostramos avanços que conseguimos em diferentes áreas da companhia.

Essas conquistas estão em sintonia com as prioridades para o ano de 2023, que anunciamos no começo do ano:

– Foco em rentabilização: fechamos o nono trimestre consecutivo de crescimento do lucro, na comparação com os mesmos períodos de anos anteriores. Nosso lucro do 3T23 foi o maior desde 2018 para um terceiro trimestre. Esse resultado pode ser atribuído principalmente às receitas de ARV, e à Cateno. Vale destacar que esse nível de lucro foi alcançado em cenário em que os volumes estão pressionados e a necessidade por investimentos é intensa;

Aliás, a redução dos gastos normalizados é outro aspecto notável dos nossos resultados. E isso ocorre em meio à forte demanda por investimentos e à estratégia de reforçar nosso time comercial focado em bancos, já anunciada anteriormente.

– Evolução na transformação digital e de novas soluções; e Aprimoramento da experiência do cliente: No trimestre passado anunciamos o Pra Cima Cielo, programa que reúne cerca de 200 iniciativas que trazem maior eficiência para a companhia. Em um curto espaço de tempo, o Pra Cima Cielo já rendeu frutos. Destaco dois deles: o Cielo Tap e a Antecipação de Recebíveis (ARV) via Pix, até as 19 horas.

O Cielo Tap, lançado há poucas semanas, transforma o celular numa maquininha de pagamentos.

A solução pode ser habilitada em pouquíssimo tempo pelo varejista, que só paga as taxas relacionadas às transações, sem necessidade de adquirir ou alugar equipamento.

É um instrumento fundamental para elevarmos a nossa penetração no público empreendedor e tornar o segmento ainda mais rentável.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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