Economia

Com fiscal desarrumado, compromisso de não subir juros cai mesmo com inflação baixa, diz Kanczuk

04 set 2020, 13:53 - atualizado em 04 set 2020, 13:53
Banco Central
Kanczuk afirmou que essa nova ferramenta de política monetária não tem data para acabar (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, afirmou nesta sexta-feira que a política fiscal é o “fator número 1” a determinar a atuação da política monetária no país, salientando a preocupação com as contas públicas, que tem sido uma constante nas comunicações recentes do BC.

Em live do jornal Valor Econômico, Kanczuk destacou que o compromisso feito pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em sua última reunião de não elevar os juros é condicionado à manutenção da regra do atual regime fiscal, que inclui o mecanismo do teto de gastos, de forma que, mesmo que um eventual desarranjo fiscal se desse em um cenário de inflação baixa, os juros poderiam voltar a subir.

“(Se) você entra em uma situação em que o teto foi rompido, mas você ainda não tem uma visão clara de que a inflação vai subir, a cláusula fala que não importa. Mesmo que eu esteja obtendo inflações baixas por enquanto, se eu não tiver o fiscal em ordem, eu não quero ter o compromisso de manter o estímulo monetário”, afirmou o diretor.

“Eu sei que, se eu não tiver o fiscal em ordem, minha confiança nas projeções de inflação, no meu próprio modelo, cai muito, eu sei que em algum momento vai dar em inflação isso, não tem saída”, acrescentou.

O Copom adotou no mês passado o chamado “forward guidance” (orientação futura), por meio do qual se comprometeu a não elevar os juros à frente.

O compromisso foi condicionado à manutenção do atual regime fiscal, à ancoragem das expectativas de inflação de longo prazo e às expectativas e projeções para a inflação nos anos de 2021 e 2022.

Kanczuk afirmou que essa nova ferramenta de política monetária não tem data para acabar, mas que é um instrumento temporário.

Ele frisou que, diferentemente de outras economias, o Brasil ainda não está em um estágio de vislumbrar inflação estruturalmente baixa por um período prolongado.

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