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Com mineradora, Cosan vai explorar nova indústria sem se desviar de estratégia original

24 ago 2021, 15:32 - atualizado em 24 ago 2021, 15:36
Vale-Minério de Ferro
Além do porto TUP São Luís, a empresa terá direitos de exploração de ativos em três projetos minerais localizados no Pará (Imagem: Vale/Divulgação)

A criação de uma joint venture com o Grupo Paulo Brito, controlador da Aura Minerals (AURA33), para exploração de minério de ferro marca um passo importante para a Cosan (CSAN3). Apesar da falta de detalhes, o movimento foi bem visto pelos analistas, que estão otimistas com o histórico positivo de alocação de capital da companhia e o retorno aos acionistas.

Mais que isso, é possível enxergar três pilares-chave do negócio da Cosan nessa transação, de acordo com o Itaú BBA: a qualidade dos ativos; a combinação de capacidades longas e curtas; e uma administração experiente.

A Cosan anunciou na segunda-feira que realizará, por meio da sua estrutura de fundos Atlântico Participações, aportes com recursos próprios e, eventualmente, de terceiros em novos negócios.

Além da criação de uma nova empresa de mineração, a companhia disse que vai apresentar uma proposta vinculante para a aquisição de 100% do TUP São Luís, terminal portuário localizado na capital do Maranhão, por R$ 720 milhões.

A oferta pelo porto foi enviada à São Luís Port Company, da chinesa CCCC, e aos acionistas minoritários que somam participação de 49% no terminal, disse a empresa.

Da joint venture, a Atlântico deterá 37% do capital total e controle compartilhado da nova companhia – ou seja, 50% das ações ordinárias da empresa após o aporte do porto e de caixa.

A joint venture será uma empresa integrada de mineração e logística. Além do porto TUP São Luís, a empresa terá direitos de exploração de ativos em três projetos minerais localizados no Pará, com potencial importante de reservas de minério de ferro, a serem escoados pelo porto.

O Itaú BBA destacou que o TUP São Luís tem um valor altamente estratégico, dado o seu acesso direto à ferrovia Estrada de Ferro Carajás (EFC).

“Vale lembrar que a logística é um componente essencial de um projeto de mineração”, destacou o analista André Hachem, que tem recomendação de outperform e preço justo de R$ 30 para a ação da Cosan. “Além disso, a Vale (VALE3) recentemente renovou a concessão da ferrovia, incluindo novas cláusulas competitivas relacionadas ao direito de acesso – estimamos um custo de R$ 18,64/tonelada (ou US$ 3,40/tonelada) relacionado à tarifa de acesso para a extensão de 900 km de Carajás para São Luís”.

Outro ponto mencionado pelo Itaú BBA é que o terminal provavelmente terá um contrato garantido que não só vai amparar a viabilidade do projeto, como também será determinante para a obtenção de financiamento do projeto, um problema com o qual os antigos donos tinham que lidar.

Com o Grupo Paulo Brito como parceiro, Juarez Saliba de Avelar, ex-Vale e CSN (CSNA3), como presidente-executivo, e o ex-CEO da Rumo (RAIL3) Julio Fontana como conselheiro e consultor sênior, a joint venture, ainda que não seja possível calcular o potencial de upside do negócio, não seria destrutivo para o valor.

Minério de Ferro
Na avaliação da Guide Investimentos, o grupo Cosan possui uma expertise no segmento logístico, sendo essencial para o escoamento do minério de ferro (Imagem: REUTERS/David Gray)

A Guide Investimentos tem um posicionamento semelhante ao do Bank of America.

“O grupo possui uma expertise no segmento logístico, sendo essencial para o escoamento da commodity, e conta com um parceiro que já possui uma atuação consolidada no segmento de mineração. Vemos o Brasil muito bem posicionado para operações de minério de ferro, principalmente no Pará, onda a Vale já atua. Vemos o mercado positivo para os próximos anos com a expansão de crescimento da China e expansão da produção de aço”, comentou o analista Luis Sales.

Juarez Saliba de Avelar disse nesta terça que a joint venture deve começar a produzir no Pará em 2025 com uma capacidade de 10 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, a ser expandida gradualmente.

Segundo o executivo, o objetivo da nova empresa será atender o mercado de minério de ferro com um produto de maior valor agregado, com teor de ferro acima de 67%.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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