Retrospectiva 2022

Conflito na Ucrânia inaugurou ordem geopolítica mais fragmentada

26 dez 2022, 11:00 - atualizado em 23 dez 2022, 16:35
Ucrânia
Presidente Volodymyr Zelensky foi eleito a personalidade do ano pela revista ‘Time’ (Imagem: REUTERS/Evelyn Hockstein)

A guerra da Ucrânia caminha para os dez meses de duração sem clareza sobre o seu fim.

A operação militar russa, tida como um êxito fácil para a superpotência nuclear, se converteu em uma guerra travada ponto a ponto no mapa ucraniano, produzindo um rastro de destruição humana e econômica com poucos precedentes no século atual.

Estimativas de órgãos internacionais falam de 6,5 mil civis ucranianos mortos em decorrência da guerra e quase 7 milhões de refugiados deixaram o país. No campo de batalha, números trazidos por oficiais dos EUA apontam para 200 mil baixas militares entre russos e ucranianos.

No meio do caminho, o conflito mudou o rumo das alianças globais, minando a posição russa na ordem ocidental e posicionando-a ao lado de China e Índia. Formou-se, assim, um novo arranjo geopolítico, mais semelhante aos anos da Guerra Fria, em que blocos fragmentados de países passam a preponderar sobre um senso de cooperação globalizado.

Restrições de oferta alimentaram ciclo vicioso da inflação

O conflito na Ucrânia comprometeu o apetite de risco e a recuperação ensejada pelos mercados internacionais depois do ‘crash’ da pandemia em 2020.

Restrições de oferta sobre commodities não-metálicas (a Rússia é um grande produtor e exportadora de petróleo para o mundo) e agrícolas (a Ucrânia se destaca na exportação de grãos) atuaram como um gatilho para a explosão de preços relacionados à energia em todo o mundo.

O aumento prolongado da inflação esteve relacionado à ação mais drástica em uma década dos bancos centrais (o BC brasileiro também estaria nessa conta), que correram para enfrentar a pior alta global de preços dos últimos quarenta anos, amplificando as chances de uma recessão econômica induzida por elevação de juros.

Para outros, a janela para uma desaceleração controlada da economia ainda está aberta. Corroboraria a tese o aquecidíssimo mercado de trabalho americano, que, mesmo com o avanço dos juros, apresentou um ritmo expansivo ao longo de 2022.

Diferentemente do Banco Central do Brasil, o mandato duplo do Federal Reserve o torna responsável não só pelo combate à inflação como também pela geração de emprego pleno, de maneira que a política monetária deve atender, necessariamente, ambas as questões. Hoje, a taxa de desocupação dos EUA está em 3,7%.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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