Combustíveis

Congelamentos de preços não é uma saída, diz ex-presidente da Petrobras

25 mar 2022, 18:25 - atualizado em 25 mar 2022, 18:32
Petrobras
E que essa posição se manteria mesmo tratando os preços pelo critério de paridade de poder de compra (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Ex-presidente da Petrobras (PETR4), o economista Roberto Castello Branco afirmou nesta sexta-feira, 25, durante transmissão promovida pelo Instituto Millenium, que congelamento de preços “definitivamente” não é uma saída para os combustíveis e lembrou que o Brasil tem “larga experiência” em erros nesse tema, inclusive com a própria Petrobras.

Durante a transmissão, Castello Branco lembrou que a estatal fixou o preço dos combustíveis abaixo do praticado no mercado internacional de 2011 a 2014, resultando em perdas de US$ 40 bilhões para a companhia.

Ele lembrou que o principal acionista da Petrobras é o Estado, o que significa que a sociedade perdeu recursos com a desvalorização do patrimônio da empresa.”A Petrobras perde, a sociedade perde”, disse Castello Branco.

O ex-presidente da empresa afirmou, contudo, que existem “mitos” e “fake news” de que os preços dos combustíveis são muito altos no País.

Ele disse que existiriam de 80 a 90 países com preços mais elevados em uma amostra de 160 países.

E que essa posição se manteria mesmo tratando os preços pelo critério de paridade de poder de compra.

Ele descartou uma “nacionalização” da Petrobras como forma de manter preços baixos.

A companhia seria insustentável como sociedade de economia mista, dividindo-se entre os interesses de acionistas privados e da União.

Castello Branco acredita que o caminho seria o governo vender ações da Petrobras e torná-la uma corporation (“sem dono”), como a BR Distribuidora (VBBR3).

Fundos de estabilização.

Para evitar repasses da alta do barril do petróleo para a gasolina nos postos do País, especialistas e o próprio governo estudaram a criação de fundos de estabilização.

Castello Branco disse que esses fundos não seriam a melhor destinação para recursos públicos. Ele defende priorizar gastos com segurança e hospitais públicos, por exemplo.

O economista minimizou, porém, a relevância do debate sobre preço dos combustíveis. “Em vez de ficar na conversinha de preços de combustíveis, deveríamos discutir o crescimento econômico, combate à pobreza, produtividade.

Isso é o que temos que focar. Perder tempo com discussão de preço de combustíveis é um besteirol”, disse ele.