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Construtoras: Nem queda da Selic salva cenário ‘desolador’ da média/alta renda; e agora?

21 out 2023, 16:00 - atualizado em 23 out 2023, 12:30
construção civil construtoras imóveis
Construtoras do segmento de médio/alto padrão tiveram números operacionais mistos no 3T23, mas analistas veem cenário preocupante (Foto: Flávya Pereira/Money Times)

As construtoras e incorporadoras listadas na Bolsa brasileira divulgaram suas tradicionais prévias operacionais do terceiro trimestre deste ano nos últimos dias.

Os últimos três meses foram marcados pelo início das novas regras do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e pelo início do ciclo de corte da taxa básica de juros (Selic), saindo de 13,75% para 12,75% ao ano.

Parte das construtoras e incorporadoras mostraram números melhores de julho a setembro na base anual, tanto de vendas líquidas quanto de lançamentos.

Sobretudo, algumas das empresas que atuam nos segmentos de médio e alto padrão parecem ter frustrado analistas e investidores, o que reflete em um tombo das ações no acumulado de outubro.

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Como foi o 3T23 das construtoras e incorporadoras?

O analista da Empiricus Research, Caio Nabuco de Araujo, comenta que não viu “surpresas” em relação aos últimos trimestres. Ele acredita que o segundo trimestre foi um pouco melhor que o encerrado ao fim de setembro em volume de lançamentos e de vendas.

“Mas não mudou muito o panorama. De certa forma, as incorporadoras continuam conservadoras na questão dos lançamentos, especialmente as do segmento de médio e alto padrão. O ritmo foi mais devagar”, comenta o analista, atribuindo tal conservadorismo ao nível ainda alto da taxa de juros.

Desta forma, segundo ele, as empresas de construção civil aguardam a continuidade da queda da Selic, que deverá encerrar o ano a 11,75%, com mais dois cortes previstos pelo Banco Central (BC) até o fim do ano.

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O desempenho do segmento médio e alto padrão

Sobre o segmento de médio e alto padrão, analistas destacam que a Eztec (EZTC3) reportou dados operacionais mais fracos.

“As vendas líquidas diminuíram devido aos lançamentos mais fracos. Continuamos a ver um cenário desafiador de acessibilidade no segmento de média renda”, diz a equipe de real estate da XP.

Enquanto a equipe do BTG Pactual diz que, embora concorde com a estratégia de redução de estoques, acredita que o faturamento da Eztec poderá permanecer sob pressão no curto prazo, já que os volumes não estão crescendo muito.

Sobre a Even (EVEN3), o Itaú BBA diz que o conjunto de números para o trimestre foi bom, apoiados pelo desempenho da operação da companhia em São Paulo.

Enquanto a subsidiária Melnick (MELK3) também exibiu bons números, exibindo aceleração nos lançamentos e nas vendas, nas bases trimestral e anual.

Quanto a Lavvi (LAVV3), os analistas do Itaú destacam que, apesar de não ter lançado projetos no trimestre, a empresa apresentou desempenho de vendas decente. Entretanto, chamou a atenção para a queima de caixa proveniente de aquisições de terrenos.

Apesar do foco da Lavvi em empreendimentos de médio e alto padrão, a construtora e incorporadora se prepara para lançar dois projetos voltados para o segmento popular no quarto trimestre.

Em relação a Trisul (TRIS3), o BTG ressaltou que os números operacionais foram abaixo do esperado. Com isso, os analistas do banco avaliam que o cenário macroeconômico continua desafiador para as empresas do segmento.

Nadando praticamente sozinha no Nordeste, os números da Moura Dubeux (MDNE3) também foram vistos como positivos, com destaque para o forte desempenho de vendas, segundo a equipe do Itaú BBA. Todavia, eles chamam a atenção para a queima de caixa, apesar de esperada após recente aumento nos lançamentos.

“As incorporadoras menores apresentaram boas prévias. Porém, como um todo, a gente ainda vê algumas dificuldades”, pondera o analista da Empiricus.

Favorita, CYRE3 segue com números ‘impressionantes’

No entanto, há uma empresa que construiu resultados consistentes em período de taxa de juros alta. Favorita dos analistas que acompanham empresas do setor, a Cyrela (CYRE3) ampliou “a lacuna” entre seus pares, diz o BBA.

“Apesar de um declínio nos lançamentos, as vendas da Cyrela continuaram o ritmo forte do trimestre anterior, refletindo o bom desempenho de vendas de estoque”, avalia a equipe do Itaú.

A equipe do BTG reforça que a companhia, de novo, teve resultados operacionais impressionantes no trimestre. “A execução impecável permitiu a Cyrela manter um desempenho notável, apesar de um cenário macroeconômico desolador”, diz.

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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