Setor Automotivo

Coronavírus faz produção de veículos do Brasil e México cair no abismo

08 maio 2020, 15:48 - atualizado em 08 maio 2020, 15:48
Setor Automotivo
Brasil e México são importantes bases de produção das montadoras globais, incluindo General Motors, Ford, Volkswagen e Fiat Chrysler (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

As indústrias de veículos do Brasil e do México registraram uma queda sem precedentes de 99% na produção em abril como resultado das medidas de quarentena adotadas na expectativa de frear o avanço do novo coronavírus, com os dois maiores produtores da América Latina montando apenas 5.569 veículos no mês passado.

Em tempos normais, Brasil e México produzem mais de meio milhão de veículos por mês, com o setor automotivo sendo responsável por vários pontos percentuais de suas economias, além de centenas de milhares de empregos.

“A situação é difícil e dramática”, disse nesta sexta-feira o presidente da associação brasileira de montadoras de veículos, Anfavea, Luiz Carlos Moraes, em apresentação online.

Brasil e México são importantes bases de produção das montadoras globais, incluindo General Motors, Ford, Volkswagen e Fiat Chrysler.

Os embarques de veículos do México, que é mais dependente de exportações para os Estados Unidos, caíram em 90% ante março, para apenas 27.889 unidades, segundo a associação local Inegi, que divulgou dados também nesta sexta-feira.

O Brasil, mais focado no mercado interno, teve vendas de 55,7 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus em abril, uma queda de 66% ante março, o que fez o setor acumular volume de veículos suficiente para quatro meses de vendas, mesmo produzindo apenas 1.800 unidades no mês passado.

Os números de vendas de veículos no México não foram informados pela Inegi.

O Brasil tem uma capacidade para produzir mais de 400 mil veículos por mês, num total de cerca de 5 milhões por ano.

Buscando ajuda

Moraes afirmou que algumas montadoras do Brasil vão retomar produção, parada desde o final de março, neste mês e que outras farão o mesmo em junho. Enquanto isso, o setor negocia há cerca de 40 dias com o governo federal um pacote de ajuda financeira.

As discussões, porém, estão travadas sobre que garantias o setor de veículos poderá oferecer aos empréstimos do governo.

Logotipo do BNDES
Os empréstimos seriam concedidos por bancos privados, disse Moraes, por meio do BNDES, que teria como garantia os créditos acumulados (REUTERS/Sergio Moraes)

O presidente da Anfavea disse que a proposta mais recente das montadoras envolve usar cerca de 25 bilhões de reais em créditos fiscais acumulados e não aproveitados ainda como colateral.

Os empréstimos seriam concedidos por bancos privados, disse Moraes, por meio do BNDES, que teria como garantia os créditos acumulados.

“O governo federal terá como garantia uma soma que já está no governo federal”, disse Moraes, acrescentando que a proposta foi apresentada nesta quarta-feira.

Para dar uma outra dimensão sobre a crise gerada pelo coronavírus, o presidente da Anfavea também afirmou que motoristas de aplicativos de transporte urbano devolveram às locadoras, um dos principais clientes da indústria automotiva, cerca de 160 mil veículos em abril.

Crises política

O presidente da Anfavea também fez duras críticas ao modo como a crise de Covid-19 e suas repercussões sobre a economia têm sido administradas no país. Ele não citou entidades específicas mais disse que “todos os dias temos uma crise diferente além da crise da saúde”.

“Infelizmente, temos políticos que ainda não perceberam a gravidade da situação e as consequências desta crise. Parte da instabilidade poderia ser evitada se tivéssemos ação coordenada e pensássemos mais no Brasil”, disse Moraes.

“A crise econômica poderia ser menos grave se os políticos tivessem responsabilidade na coordenação da pandemia”, acrescentou.

Na véspera, a Anfavea participou de uma visita de empresários de vários setores industriais do país, organizada às pressas pelo presidente Jair Bolsonaro, ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), José Dias Toffoli, em uma ação que passou a impressão entre os ministros da Corte de que o governo quer dividir responsabilidade pela crise econômica com o Judiciário.

Moraes não quis comentar sobre o encontro, mas afirmou que a agenda com Bolsonaro previa discussão de questões sobre o chamado “custo Brasil e medidas de crédito para o setor produtivo”.

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