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Covenants: O que são e qual é a ligação com o rombo de R$ 20 bilhões da Americanas (AMER3)

12 jan 2023, 16:16 - atualizado em 12 jan 2023, 16:17
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Inconsistências da Americanas envolvem risco sacado e aumento da dívida para evitar covenants contratuais (Créditos: Shutterstock)

Depois que a Americanas (AMER3) anunciou o rombo contábil de R$ 20 bilhões na última quarta-feira (11), Sergio Rial, ex-CEO da companhia, apontou que as inconsistências se relacionam com o “risco sacado” da empresa.

O risco sacado é “a presença do banco na estrutura de financiamento na conta Fornecedor da empresa”, aponta o economista em vídeo, esclarecendo algumas perguntas sobre o episódio.

A Genial Investimentos avaliou em relatório que as negociações em risco sacado realizadas pela Americanas repassam a responsabilidade do pagamento a fornecedores para instituições financeiras, o que, por sua vez, reduziria a conta de fornecedores no passivo, que teve seu valor declarado no balanço do terceiro trimestre de 2022 da companhia em R$ 5 bilhões.

Segundo Rial, o risco sacado é particularmente importante em empresas com margens mais estreitas, porque “pode induzir a dívida bancária, que passa a ser caracterizada como conta Fornecedor”.

Nesse sentido, o ex-CEO avalia que o risco sacado não era lançado como dívida na folha da Americanas.

“Ao não declarar em integralidade os saldos das operações, a companhia subestimou em seu balanço o tamanho do endividamento, que tinha um valor declarado de R$ 20,8 bilhões”, explicam os analistas da Genial.

Escapando de mais empréstimos

Uma das vantagens por optar negociar valores em risco sacado e se expor ao risco da Americanas é evitar covenants contratuais.

Covenants são termos de garantia em contratos de financiamento ou empréstimos de grandes valores, como os realizados entre a Americanas e os bancos credores.

Os contratos determinam obrigações que não podem ser descumpridas pelos devedores. Caso contrário, o credor pode executar a dívida antecipadamente.

Atualmente, a Americanas mantém uma alavancagem de quase 4x (excluindo IFRS 16), o que é considerado um patamar alto em “condições normais”, conforme avaliam os analistas da Genial.

“Uma reprecificação do balanço poderia estourar os covenants [descumprindo o acordo de garantia], aumentar consideravelmente a alavancagem financeira da companhia, forçando a negociação com os debenturistas, o que possivelmente causaria a rolagem da dívida a taxas maiores e um severo rebaixamento de rating das agências de crédito”, explicam.

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Jornalista formada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing e repórter no portal Money Times, com passagem pela redação da Forbes Brasil. Atualmente escreve e acompanha notícias sobre economia, empresas e finanças.
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