Economia

Crise no crédito: Entenda por que os empréstimos para pessoa física encareceram

19 mar 2023, 9:00 - atualizado em 17 mar 2023, 16:01
Cartoes de Credito, crédito
Segundo o relatório do IFI, os saldos e as concessões de crédito às pessoas físicas têm registrado crescimento concentrado em linhas de pior perfil de tomador. (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Desde que assumiram o poder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a sua equipe econômica estão preocupados com o crédito no Brasil. E não é para menos: nos últimos meses, conseguir um empréstimo está cada vez mais difícil, o que atrapalha na recuperação econômica.

Segundo o relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, os saldos e as concessões de crédito às pessoas físicas têm registrado crescimento concentrado em linhas de pior perfil de tomador. Ou seja, que não possuem garantias envolvidas nas operações, como cartão de crédito e cheque especial.

Acontece que estas modalidades possuem maiores spreads bancários e taxas finais de juros mais altas. Na pessoa física, spread bancário subiu 4,79 ponto percentual em janeiro de 2023 na comparação com igual mês do ano passado.

o aumento do spread nas linhas voltadas às empresas foi relativamente menor, de 1,64 p.p.

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“Ainda que o estoque de crédito esteja registrando expansão, em termos reais, na comparação com o ano anterior, esse crescimento está concentrado em linhas de pior qualidade do ponto de vista de garantias oferecidas”, afirma o documento. 

Menos crédito e mais caro

Durante a pandemia, houve uma aceleração tanto no crédito destinado às empresas, quanto nos empréstimos voltados às famílias. No entanto, a desaceleração da atividade econômica e a manutenção da Selic no patamar de 13,75% ao ano está gerando uma perda de ímpeto na expansão do crédito. 

Dados do Banco Central mostram que o estoque de crédito da economia atingiu R$ 5.317,4 bilhões em janeiro. Trata-se de um montante 0,3% inferior ao apurado em dezembro de 2022 e 13,6% superior a janeiro de 2022.

Outro problema é que houve um aumento da inadimplência ao longo de 2022, deixando os bancos mais cautelosos, e isso puxou os juros para cima, assim como a maior utilização de linhas mais caras pelos consumidores. Segundo o Serasa, o Brasil registrou 69,4 milhões de brasileiros inadimplentes no ano passado; resultado 7,8% maior do que no ano anterior.

Em 2022, o crescimento da inadimplência nas carteiras de pessoas físicas ocorreu de forma mais rápida quando comparado com o período 2015-2016, quando comparado com a melhora observada nas condições do mercado de trabalho no período.

“Isso reforça a hipótese de influência da deterioração nas condições dos financiamentos, especialmente nas taxas de juros dos empréstimos, sobre a piora da inadimplência”, diz o IFI. 

O relatório ainda destaca que a deterioração nas condições do mercado de trabalho durante a pandemia pode explicar o aumento do crédito em linhas de pior qualidade. Além disso, a recuperação judicial de empresa de grande porte no Brasil e a falência recente de dois bancos nos Estados Unidos trazem riscos adicionais à oferta de crédito ao ampliarem a percepção de risco dos bancos.

Por fim, também foi identificado um elevado nível de comprometimento de renda das famílias com o pagamento de dívidas bancárias.

Em novembro de 2022, último mês com informação disponível pelo Banco Central, o comprometimento de renda das famílias brasileiras foi calculado em 27,73%. Em novembro de 2021, o comprometimento total apurado foi de 26,11%.

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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