Mercados

De 114 mil pontos para 109 mil: Por que o humor do Ibovespa virou em dois dias?

26 set 2022, 20:15 - atualizado em 26 set 2022, 20:42
Ibovespa
Mas o que explica essa virada de tempo em menos de uma semana? (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O que parecia um pico de 120 mil pontos, quando o Ibovespa chegou a 114 mil pontos, desapareceu em dois pregões.

Ao todo, o índice perdeu R$ 186 bilhões nesses dois dias, ou um tombo de 4,26%, segundo dados da plataforma TradeMap, elaborado por Einar Riveiro.

A queda ocorre após um rali sustentado pelos bons indicadores aqui no Brasil e pelo fim do ciclo dos juros.

As principais contribuições para a sangria foram Petrobras (PETR4), com perda de R$ 34 bilhões em valor de mercado, BTG (BPAC11), com R$ 9,6 bilhões, Itaú (ITUB4), com R$ 9,3 bilhões e Vale (VALE3), com R$ 9,2 bilhões.

Mas o que explica essa virada de tempo em menos de uma semana?

O Brasil não é uma ilha

Apesar da economia brasileira crescer acima do esperado, com o fim dos ciclo dos juros, enquanto BCs do mundo inteiro correm para controlar a escalada da inflação, o país não está imune aos riscos recessivos de grandes potências, como Estados Unidos e Europa.

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, diz que o Brasil estava se comportando como uma “ilha”.

“Não faltam notícias negativas lá fora, como recessão na Europa, crise energética na Alemanha, probabilidade dos EUA entrar em recessão em 2023, guerra na Ucrânia e China enfraquecida”, diz.

Hoje o movimento foi de sell-off global, coloca.

“A expectativa é que lá fora siga pesado na semana, com alguma possibilidade de ajuste técnico em um dia ou outro”, discorre.

Regis Chinchila, da Terra Investimentos, observa que no mercado global, a perspectiva é ruim, citando inflação recorde na Europa, expectativa de recessão nos Estados Unidos e China sem demonstrar sinais de recuperação.

Já na última semana, foi anunciado o pacote de medidas do Reino Unido, que será coberto por endividamento, e o aumento na taxa de juros americana.

“Esses dois fatores agravaram a situação e o mercado brasileiro sucumbiu a pressão baixista do exterior, que já vinha há algumas semanas acumulando perdas”, completa.

Para Adriano Yamamoto, chefe comercial da corretora do C6 Bank, prevaleceram preocupações com inflação e recessão em todo o mundo. Para conter a alta dos preços, bancos centrais –o mercado olha especialmente para o Federal Reserve (Fed)– vêm elevando os juros.

“Alguns dirigentes do Fed tiveram falas um pouco mais hawkish…confirmando o que vimos na semana passada”, disse ele, em referência à alta de 0,75 ponto percentual no juro anunciada na última quarta-feira nos Estados Unidos.

Efeito eleições e o Ibovespa

Apesar de alguns especialistas afirmarem que as eleições estão precificadas, analistas também atribuem a volatilidade dos últimos pregões à disputa da presidência, que chega na sua reta final, com o pleito do primeiro turno marcado para 2 de outubro.

Na visão de Victor Benndorf, o mercado se prepara para a volatilidade das eleições, que pode fazer com que o canal de 108,500 pontos do índice se rompa.

Veja na imagem abaixo:

Ainda segundo Galdi, com a “gordura” acumulada do Ibovespa, é possível que tenhamos um ambiente volátil nessa e nas próximas semanas.

Em comentário enviado a clientes, a Ágora Investimentos  escreve que o clima adverso no exterior, bem como a reta final para o primeiro turno das eleições presidenciais, provocaram uma “busca por proteção”.

Os investidores também aguardam uma agenda econômica semanal, que inclui ata do Copom, IPCA-15 de setembro e relatório trimestral de inflação.

Com informações da Reuters.

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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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