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De olho no boi: China tem maior desconto do ano; férias e estoques derrubam compras e vendas

04 ago 2023, 16:54 - atualizado em 04 ago 2023, 16:54
Preços de exportação para China atingiram o menor patamar desde abril de 2021; demanda derruba boi no mercado interno (Imagem: Pixabay)

Os preços da arroba do boi gordo segue em queda nas principais praças do Brasil, como você conferiu no “De olho no boi” da semana passada.

Nesta semana, o destaque fica para o cenário de demanda mais fraca, que segue derrubando os preços de referência do animal nesta virada de mês e os preços de exportação pagos pela China.

Para entender o retrato atual de preços, oferta, demanda e custos, o Agro Times conversou com Fernando Iglesias, especialista em proteína animal e analista da Safras & Mercado, e Magno Cavalcante, gestor comercial de carnes, além de ouvir Felipe Fabbri, analista de mercado e da cadeia de produção animal na Scot Consultoria.

Arroba do boi

O mercado do boi gordo está mais firme nesta semana, sem grandes alterações nos preços, assim como para o volume de animais negociados.

Boi Gordo – R$/@ – Scot Consultoria (a prazo) 03/ago. 27/jul. Variação (%)
SP – Barretos R$ 200,00 R$ 202,00 -1
MG – Triângulo R$ 198,00 R$ 205,00 -3,4
MS – Campo Grande R$ 210,00 R$ 212,00 -0,9

“Quando os negócios travam e a escala para de andar, aumenta a propensão para reajustes dentro do mercado do boi,  somado a um bom escoamento da carne bovina na primeira quinzena de agosto”, explica Iglesias.

Segundo o analista da Safras, a expectativa é de aumento nos preços da arroba nas próximas semanas, mas de maneira mais comedida.

Atacado

De acordo com o analista da Scot Consultoria, o período de férias escolares resultou no derretimento do capital das famílias.

“Com a criançada em casa, o consumo aumenta. No entanto, vimos a população migrando a demanda para outras proteínas, principalmente a carne de frango. A proteína ganhou competitividade ante a bovina, com um desconto de 5% nos últimos 12 meses, considerando os preços no atacado”, diz Fabbri.

Ainda assim, segundo Iglesias, os preços apresentaram uma leve recuperação no atacado, com os frigoríficos reduzindo um pouco os estoques.

Cortes no atacado Base SP – (Safras & Mercado) 04/ago. 27/jul. Variação
Traseiro casado R$ 17,50 R$ 17,00 2,94
Dianteiro casado R$ 12,90 R$ 12,65 1,98

Varejo

Segundo Cavalcante, o varejo segue com dificuldades para vender carne bovina, com alguns estoques de proteínas, principalmente no atacarejo, se aproximando da data de validade, o que dificulta os negócios.

“Os estoques estão parados e a deflação prejudica as vendas, pois o custo do estoque está alto, com isso, o varejo está buscando com a indústria investimentos em vendas diretas ao consumidor (sellout) para escoar o estoque antigo e comprar a custo novo”, discorre.

Assim, o gestor comenta que o mercado esperava uma retomada nas vendas, em virtude das especulações para o Dia dos Pais, o que não aconteceu.

“Nesta semana, o preço do quilo do contrafilé ficou em R$ 28,98, enquanto na semana passada estava em R$ 26,98, uma alta de 7,41%”, comenta.

Exportações e preço pago pela China

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram exportadas pelo Brasil 160,8 mil toneladas de carne bovina em julho, 16,57% abaixo do volume exportado em junho e recuo de 3,88% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

“Ainda estamos exportamos bons volumes, mas os preços seguem em queda, sendo que em julho eles caíram ainda mais. Dessa forma, no mês passado, atingimos o menor patamar de preços em dólares para China em 2023, sendo esse o menor valor desde abril de 2021. Quando olhamos apenas para o país asiático, o yuan se desvalorizou frente o dólar, enquanto a o real avançou frente a moeda norte-americana, cenário que derrubou o poder de compra dos chineses”, explica.

Preços médios de exportação para China (Scot Consultoria) Valor (US$)
janeiro/2023 4.880,80
fevereiro/2023 4.944,05
março/2023 5.039,08
abril/2023 5.109,28
maio/2023 5.257,27
junho/2023 5.160,13
julho/2023 4.809,96

 

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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