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De olho no boi: 2024 promete nova virada no ciclo de preços; o que muda?

22 set 2023, 14:44 - atualizado em 22 set 2023, 17:03
boi gordo carne bovina
Segundo analistas, o país convive com uma entressafra que pode resultar em problemas para oferta de boi gordo, apesar da oportunidade para investir (Foto: Freepik)

Os valores da arroba do boi gordo acumulam queda ao longo de 2023. Por outro lado, os preços têm se recuperado nas últimas semanas.

Entre 14 e 21 de setembro, o indicador do boi gordo Cepea/Esalq avançou 7,18%, passando de R$ 204 para R$ 218,65 em uma semana.

Vale lembrar que 2023 está marcado como um período de ciclo positivo do gado no Brasil, com maior oferta de animais no mercado interno, fator que pressiona os preços domésticos.

Por outro lado, de acordo com analistas, 2024 reserva uma nova virada no ciclo de preços dos animais.

Preços do boi gordo e carne no atacado

Segundo Fernando Iglesias, analista de proteína animal na Safras & Mercado, a semana foi marcada por mais um movimento positivo de retomada nos preços do boi gordo.

Boi Gordo – R$/@ – Safras & Mercado (a prazo) 21/set. 15/set. Variação (%)
SP – Barretos R$ 220,00 R$ 210,00 4,76
SP – Bauru R$ 225,00 R$ 205,00 9,76
MG – Uberaba R$ 220,00 R$ 205,00 7,32
Goias – Goiania R$ 210,00 R$ 200,00 5
MT – Cuiabá R$ 189,00 R$ 181,00 4,42

“Em São Paulo, o mercado físico está trabalhando em R$ 230 por arroba, sendo esse o preço que as indústrias pagaram nessa semana, realizando um bom volume de negócios. Com esse bom volume de negócios, é possível que as escalas avancem e os frigoríficos ‘tirem um pouco o pé’ das negociações”, explica.

No atacado, o movimento também foi positivo, com os preços registrando boas altas.

Preços da carne bovina no atacado – Safras & Mercado 21/09/2023 15/09/2023 Variação (%)
Traseiro R$ 17,00 R$ 16,10 5,59
Dianteiro R$ 13,50 R$ 12,35 9,31

“Os valores apresentaram uma valorização interessante, com estoques mais enxutos para as indústrias, o que gera um otimismo para os frigoríficos para esse movimento ao longo da primeira quinzena de outubro”, diz.

Virada no ciclo de preços do boi gordo

Para Iglesias, 2024 será um ano de inversão do ciclo pecuário, visão defendida também pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“Estamos vendo um forte descarte de matrizes ao longo de 2023. E, quando você abate um elevado número de fêmeas, quer dizer que em um dado momento isso vai interferir no ritmo de nascimento de bezerros. A partir disso, com um ritmo mais lento de nascimentos, os preços do animal de reposição devem crescer e, por consequência, isso deve afetar a formação de preços em toda a cadeia produtiva”, analisa.

Segundo o analista, o descarte de matrizes é um dos principais fatores para queda dos preços do boi gordo, junto da queda nas receitas de exportação.

“Apesar de você ter uma maior oferta no curto prazo, no médio e longo prazo a coisa muda. Em algum momento, o ritmo de nascimentos, provavelmente no segundo trimestre do ano que vem, não deve acompanhar a demanda por animais de reposição e os preços vão entrar naquela fase de propensão de reajustes”, conclui.

Oportunidade de investimentos

Por outro lado, apesar do cenário mais difícil para os pecuaristas, o momento atual aponta para uma oportunidade de investimentos, com os preços do bezerro em patamares mais baixos.

“Para quem trabalha com recria e engorda, 2023 conta com preços de reposição bem descontados, entre R$ 1.900-2.000 por cabeça em São Paulo. É difícil para muitos produtores pensarem em investir, mas nós projetamos preços mais altos em 2024, já que, no médio e longo prazo, esse descarte de matrizes que aconteceu em 2023 deve fazer com que o ritmo de nascimento de animais não acompanhe a demanda por animais de reposição e os preços vão entrar naquela fase de maior propensão de reajustes”, analisa Iglesias.

Varejo

Magno Cavalcante, gestor comercial e especialista em varejo e atacado, explica que o Brasil convive com uma forte entressafra de animais, que pode refletir na oferta de gado para os próximos anos.

“No varejo, há dificuldade no escoamento da carne bovina, com vendas fracas, sendo que algumas redes com estoques elevados forçam as vendas. Vemos ofertas de contra filé abaixo de R$ 29, onde o mercado de compra dos frigoríficos já está falando em R$ 31”, pontua.

Dessa maneira, para a próxima semana, Cavalcante projeta fortes negociações para o abastecimento da primeira quinzena de outubro.

“O feriado de Nossa Senhora Aparecida (Dia das Crianças) em 12 de outubro deve gerar um forte aumento na compra de carnes para churrasco. Esse cenário pode elevar os preços de compra, e quem se abastecer primeiro pode conseguir boas negociações”, avalia.

Exportações de carne bovina

Para Iglesias, o volume de exportação do Brasil segue em bons patamares ao longo de 2023, apesar do embargo para China entre fevereiro e março.

No entanto, os problemas para os exportadores continuam pelo menor preço pago pela tonelada de carne bovina, que impacta as receitas.

”Os importadores chineses estão tendo que reduzir preços em dólar. O preço da carne bovina pago pela China caiu de US$ 7500/t no ano passado para US$ 4500/t em 2023. Assim, se os preços caem, a receita de importação também cai, sendo esse o motivo pelo forte recuo do boi gordo ao longo do ano”, conclui.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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