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De olho no boi: 2024 será histórico, mas China deve pesar no ‘pé de meia’ do Brasil

19 jan 2024, 16:48 - atualizado em 19 jan 2024, 16:48
boi gordo
Há um cenário complexo para formação de preço do boi gordo e da carne, muito em função da economia desaquecida na China (Foto: Pixabay)

Os preços do boi gordo seguem firmes em torno de R$ 250 por arrobado na parcial de janeiro, com o indicador Cepea/B3 do animal apresentando um leve recuo de 0,48%.

Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), agentes do setor se mostram incertos quanto à oferta, devido às questões climáticas, enquanto a demanda doméstica segue em ritmo estável e as exportações em alta.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de janeiro, foram exportadas 86,833 mil toneladas de carne bovina in natura, com média diária de 9,648 mil toneladas.

O volume representa quase 25% a mais que a média de janeiro do ano passado, de 7,281 mil toneladas/dia, e já sinaliza um possível novo recorde do mês.

O mercado do boi gordo

Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, ressalta que, apesar de o indicador Cepea apontar R$ 250, os negócios ficaram no máximo em R$ 245 por arroba.

“Os frigoríficos encontram certa dificuldade em escoar carne nesse período do ano, pela sazonalidade do mercado e população descapitalizada, seja por compra de material escolar, IPVA e IPTU, o que impacta nas decisões dos consumidores, que optam por frango, ovos e embutidos, alimentos mais acessíveis”, explica.

Já a oferta segue restrita, com os pecuaristas cadenciando o ritmo dos negócios, já que o pasto oferece essas condições. “Conforme a necessidade surge, os frigoríficos realizam seus negócios”, completa.

Exportações e problemas para receita

Iglesias afirma que 2024 será um ano histórico para as exportações de carne bovina do Brasil, com recordes de exportação.

No entanto, o ponto de inflexão fica por conta dos preços pagos pelos importadores. “A tonelada é negociada em torno de US$ 4.500, preços que não remuneram a indústria e explicam a queda nos valores em 2023. Há um cenário complexo para formação de preço, muito em função da economia desaquecida na China, assim como o excesso de carne suína no país asiático, com o governo chinês trabalhando para tornar a atividade rentável novamente, o que ainda não ocorreu”, analisa.

Em 2023, as exportações brasileiras de carne bovina somaram 2,536 milhões de toneladas, volume 8,15% superior ao registrado no ano anterior, mas com queda de 17,15% na receita total, para US$ 10,845 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

Por fim, há 12 meses, o preço pago pela China para a tonelada de carne bovina era de US$ 6.288,50, recuo de quase 30% na comparação com o valor atual. Com isso, apesar de um recorde, há expectativa para menor receita em 2024.

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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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