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Desenvolver a indústria do cacau no Pará não é tirar empresas da Bahia, como se distorceu em entrevista da Ceplac

12 ago 2021, 15:58 - atualizado em 12 ago 2021, 16:10
Cacau
Cacau tem forte exploração no Pará, cabendo, portanto, uma maior nível de industrialização local (Imagem: REUTERS/Thierry Gouegnon)

O interesse em incentivar uma onda de industrialização do cacau no Pará não passa nem de longe da mínima intenção, que fosse, de estimular a saída de empresas da Bahia.

Mas a TV Cacau, no YouTube, distorceu a interpretação de Waldeck Araújo, diretor da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em entrevista a Money Times no último dia 9.

E tem gerado um acalorado debate enviesado, quando a discussão deveria ser sobre a de se levar o desenvolvimento para todas as partes sem detrimento de outras, como é contexto desse órgão do Mapa.

A propósito, portanto, de comentar sobre controles de doenças da lavoura, como a monilíase, detectada na região Norte, Araújo foi claro ao dizer que aumentar o processamento local evita-se a circulação do cacau em grandes distâncias para ser industrializado na Bahia.

Está no texto.

Em nenhum momento foi dito que a Ceplac incentivaria a saída de indústrias do território baiano.

E não está no texto.

Berço da lavoura, de quando ainda o Brasil era o principal ator global – hoje é o sétimo – a Bahia concentra as três maiores processadoras, Cargill, Olam e Barry Callebaut.

O Pará só tem uma, a Gencau, com capacidade de 18 mil toneladas, segundo informou o diretor da Ceplac. E o estado, atualmente, se rivaliza com a Bahia na liderança, inclusive por informações do IBGE, nem sempre aceitas pelo mercado.

Ressalta-se, mais uma vez, que a Ceplac opera pelo desenvolvimento do cacau a nível de Brasil, considerando as regiões vocacionadas, de modo que um avanço na industrialização no Norte proporcionaria um novo ciclo produtivo na cadeia, pela presença de novos agentes.

 

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.