Dólar

Dólar salta mais de 1,5% e fecha no maior nível em quase 4 anos e meio, a R$ 5,86

01 nov 2024, 17:07 - atualizado em 01 nov 2024, 19:32
dólar giro do mercado ibovespa wall street morning times
O dólar bateu R$ 5,87, no maior nível desde maio de 2020, durante o pregão com o aumento das incertezas sobre o cenário fiscal (Imagem: Vladislav Reshetnyak/Pexels)

O dólar à vista (USDBRL) estendeu os ganhos pela sexta sessão consecutiva e renovou a máxima do ano nesta sexta-feira (1º), com a crescente cautela com o cenário fiscal e a proximidade das eleições nos Estados Unidos.

Na comparação com o real, a moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,8694 (+1,53%) — no maior patamar desde maio de 2020. Durante o pregão, a divisa bateu máxima a R$ 5,8738— o maior nível desde o começo da pandemia.



Essa também foi a segunda maior cotação do dólar ante o real na história, ficando atrás apenas da máxima história alcançada em 13 de maio de 2020 — quando a divisa fechou a R$ 5,9008.

O desempenho acompanhou a tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, teve alta de 0,34% hoje.

Na semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 2,88%.

O que mexeu com o dólar hoje?

O dólar à vista ganha força ante o real com a percepção do mercado de que o governo “está demorando” para anunciar novas medidas de contenção dos gastos públicos.

Na última quarta-feira (3o), ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que houve convergência com a Casa Civil em torno da elaboração de medidas para controle de despesas públicas. O chefe da pasta econômica, porém, não deu prazo para a apresentação.

As incertezas sobre a data do anúncio aumentou após a Folha de S. Paulo divulgar que Haddad viaja à Europa na segunda-feira (4) e só deve retornar ao Brasil na madrugada de sábado (9).

Os investidores locais também reagiram a novos dados econômicos.

A produção industrial acelerou em setembro a 1,1% na comparação com o mês anterior, quando houve alta de 0,2%, e cresceu 3,4% sobre o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters de alta mensal de 0,9% e de avanço de 2,8% na base anual.

No exterior, os investidores repercutiram o relatório de empregos norte-americano, o payroll — que mostrou a criação de postos de trabalho mais fraca do que a esperada para outubro e o menor ganho mensal desde dezembro de 2020.

O país criou 12 mil postos de trabalho no mês passado, de 223 mil em setembro. Economistas consultados pela Reuters projetavam a criação de 113 mil vagas.

Segundo o Departamento do Trabalho norte-americano, o dado afetado por furacões recentes e greves trabalhistas, particularmente a paralisação na Boeing.

Apesar do relatório mostrar que a taxa de desemprego no país se manteve em 4,1% no mês, os mercados reagiam com a percepção de um mercado de trabalho mais enfraquecido, em uma reversão do que vinha se projetando nas sessões anteriores.

Com isso, os agentes financeiros ajustam apostas para o ciclo de afrouxamento monetário.

Operadores passaram a precificar quase 100% de chance de o Federal Reserve cortar os juros em 25 pontos-base na próxima reunião, o que levaria à faixa de 4,50% a 4,75% ao ano. Antes dos dados, a probabilidade era de 89%, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group.

As eleições à Casa Branca, que acontecem em 5 de novembro, também tem impulsionado o dólar em todo o mundo — como já esperado.

Os investidores seguem apostando na vitória do ex-presidente Donald Trump, o que pode levar a implementação de medidas consideradas inflacionárias, como tarifas e redução de impostos.

*Com informações de Reuters 

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Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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