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Eletrobras (ELET6): conta de luz vai ficar mais barata ou mais cara após a privatização?

27 maio 2022, 19:54 - atualizado em 27 maio 2022, 19:54
privatização Eletrobras
A Eletrobras já divulgou cronograma de próximos passos na privatização (Imagem: Reuters/Pilar Olivares)

A privatização da Eletrobras (ELET6) tem despertado diversas reações entre analistas e consumidores que, agora, seguem atentos aos os próximos passos a serem dados pela empresa.

Na quinta, um grupo de investidores sinalizou interesse em comprar cerca de R$ 13 bilhões em ações da empresa, que por sua vez já anunciou, em cronograma divulgado nesta quinta-feira (26), a emissão de  697,7 milhões de ações ordinárias no Brasil e nos Estados Unidos.

Mas, não só para o mercado de ações, e sim todos os que têm energia elétrica em casa, fica a pergunta que não quer calar: a conta de luz vai ser afetada pela privatização da Eletrobras?

Eficiência operacional pode aliviar tarifas…

É certo que não há como prever, com absoluta precisão, todos os fatores que atualmente incidem sobre a tarifa de energia elétrica.

Mas, para Waldemir Luiz de Quadros, professor de economia na PUC, as maiores evidências disponíveis indicam que estatais, ao serem privatizadas, costumam enxugar suas despesas e se tornarem mais eficientes, o que é boa notícia para o bolso do consumidor.

“O que geralmente acontece nas estatais privatizadas é uma grande redução no custo, podendo chegar até 30% das despesas correntes. E a tarifa, por definição, paga todas as despesas da empresa e reembolsa o capital investido”, explica.

O bolso do consumidor tende a ser aliviado, uma vez que as operações da empresa se tornem menos onerosas e mais eficientes, condizentes com o mercado privado.

Além dos pontos levantados pelo professor, existe a possibilidade de destinação de R$ 5 bilhões, decorrentes da privatização, pra um fundo setorial que pode reduzir a alta das tarifas de energia elétrica neste ano em até três pontos percentuais para o consumidor residencial, segundo cálculos de especialistas divulgados à agência de notícias Reuters.

O aporte de recursos da Eletrobras para modicidade tarifária é incerto, uma vez que depende da conclusão da oferta de capitalização, mas passou a ser considerado mais concretamente pelo governo e pela Agência Nacional de Energia Elétrica após o aval dado à oferta da Eletrobras pelo Tribunal de Contas da União.

… mas a busca por dividendos, não

Fausto Augusto Júnior, diretor técnico do Dieese, é mais cético com relação aos impactos no bolso do consumidor.

“É algo muito parecido com o que aconteceu na Petrobras (PETR4). Todo mundo disse que ficaria melhor, e agora ninguém controla o preço do combustível“, afirma.

Para ele, o mais provável é que a empresa, agora privada, comece a priorizar a busca pelo lucro e pela satisfação de seus acionistas, o que tende a não se alinhar com políticas de barateamento da tarifa da energia.

“Em algumas coisas, nem sempre o que se tem como ideal na visão de mercado funciona. O conceito de eficiência é muito relativo, porque ela pode existir, mas o problema é quem fica com essa eficiência. Quando você coloca a lógica de mercado em um setor estratégico, a busca não é eficiência do setor, a busca é a ampliação de dividendos“, diz.

Júnior ressalta que quando se trata de setores como a energia os impactos inclusive podem vir no longo prazo no que se diz respeito a questões de infraestrutura.

“Nós vamos entrar em corrida pelos dividendos uma estratégia que deveria de ser de 50 anos, vai ser de 2, 3, 4, e isso não tende a abaixar tarifa. Muito pelo contrário.  A expectativa nossa não é a redução de tarifa”, afirma,

“Quando você pega as concessões aqui em São Paulo, nos pedágios, as estradas tão boas? Estão boas, mas você paga 35 reais para descer para a baixada santista. E da mesma forma que não dá pra escolher qual estrada pegar, eu não tenho como escolher de onde eu compro a eletricidade que chega no meu poste” conclui.

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Estagiária
Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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