Internacional

Elite do Peru entra em pânico e guarda dinheiro em casa diante de provável vitória de Castillo

15 jun 2021, 9:52 - atualizado em 15 jun 2021, 9:52
Pedro Castillo
Durante a campanha, Castillo prometeu elevar acentuadamente os impostos sobre a mineração no segundo maior produtor mundial de cobre para financiar os gastos sociais e reescrever a Constituição (Imagem: Reuters/Angela Ponce)

Em Lima, capital do Peru, é cada vez maior o temor da pequena, mas poderosa elite urbana em relação à eleição provável de um professor socialista quase desconhecido para o posto de presidente do país sul-americano.

Pedro Castillo está prestes a ser declarado presidente. Com quase todos os votos contados, sua vantagem sobre a rival conservadora Keiko Fujimori é pequena, mas parece ser suficiente, embora o resultado final ainda possa demorar dias ou até semanas devido às contestações legais.

Durante a campanha, Castillo prometeu elevar acentuadamente os impostos sobre a mineração no segundo maior produtor mundial de cobre para financiar os gastos sociais e reescrever a Constituição, com vistas a dar ao governo mais musculatura na condução da economia –além de insinuar possíveis reformas agrárias.

Os conservadores que apoiam Keiko não demoraram para insuflar os temores de uma ascensão do “comunismo” e a ressuscitar fantasmas antigos de tomadas de terra e de um colapso semelhante ao da Venezuela. Luminosos apareceram na capital dizendo “Pense em seu futuro, diga não ao comunismo”. Eles não mencionaram Castillo, e ninguém assumiu sua autoria.

“O partido (de Castillo) é marxista-leninista. Ele diz que mudará a Constituição, que realizará expropriações. Então, se ele fizer tudo isso, não deveria ser nenhuma surpresa”, disse Alfredo Thorne, um ex-ministro das Finanças, à Reuters.

Nas últimas semanas, à medida que sua vitória parecia mais provável, Castillo suavizou a retórica, refutando comparações com políticos de esquerda autoritários como o falecido venezuelano Hugo Chávez.

Ele convocou conselheiros mais moderados, adotou uma mensagem mais pró-mercado e nega que planeje nacionalizar ou expropriar poupanças.

Mas muitos moradores das partes mais ricas de Lima –que votaram majoritariamente em Keiko– continuam temerosos.

“Todos os meus amigos colocaram o dinheiro no exterior, não conheço ninguém que não tenha retirado seu dinheiro”, disse um advogado da cidade que serve nos conselhos de várias corporações grandes e que também sacou recursos.

Algumas famílias estão dividindo propriedades entre parentes ou colocando-as em trustes, disse ele, e em alguns casos retirando dinheiro em espécie para guardá-lo em casa em maletas.

Analistas, no entanto, afirmam que um Congresso fragmentado limitará uma mudança radical e forçará Castillo a ser pragmático, o que pode até criar potenciais oportunidades de compras para investidores.

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