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Embraer e Suzano aproveitam alta liquidez para aumentar venda de títulos em dólar

10 set 2020, 13:48 - atualizado em 10 set 2020, 14:32
Embraer
Governos e empresas de mercados emergentes venderam mais de US$ 544 bilhões em títulos no exterior este ano, o maior valor de todos os tempos (Imagem:REUTERS/David Becker)

Empresas brasileiras estão acessando o mercado internacional de dívida, juntando-se a governos de países emergentes — de Bahrain a Coreia do Sul — que estão aproveitando a ampla liquidez injetada pelos principais bancos centrais.

A Embraer (EMBR3) e a Suzano (SUZB3) estão testando o apetite dos investidores por títulos corporativos brasileiros, oferecendo as primeiras notas em dólar após a pausa nas emissões em agosto.

A Petro Rio (PRIO3) também iniciou esforços para vender dívida externa, enquanto a Petrobras (PETR4) anunciou que vai recomprar até US$ 4 bilhões em títulos com vencimentos entre 2022 e 2049.

Governos e empresas de mercados emergentes venderam mais de US$ 544 bilhões em títulos no exterior este ano, o maior valor de todos os tempos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg, depois que a pandemia levou os países a reduzir as taxas de juros e aumentar os gastos. O Citigroup espera que as empresas de nações em desenvolvimento adicionem outros US$ 61 bilhões à conta apenas em setembro.

Os emissores brasileiros venderam US$ 18,5 bilhões em títulos externos nos primeiros oito meses de 2020, ante US$ 15 bilhões no mesmo período de 2019, segundo a Anbima. O mercado estava aquecido nos primeiros dois meses do ano, mas esfriou à medida que a crise gerada pela pandemia causou uma disparada nos custos de captação. Os negócios foram retomados em junho e julho, quando mais de US$ 10,4 bilhões foram vendidos, mas desaceleraram novamente em agosto.

“O mercado estava fechado para novas captações. Acho que por um lado é bom porque estão enxergando demanda agora no mercado externo. As emissões estavam sendo concentradas no mercado local por falta de interesse também do investidor estrangeiro”, disse Sergio Zanini, sócio e gestor da Galapagos Capital.

Ofertas

A Suzano, uma das poucas empresas brasileiras com grau de investimento, está oferecendo US$ 750 milhões em notas com vencimento em janeiro de 2031, planejando pagar um rendimento de cerca de 4%, segundo uma pessoa a par do assunto, que pediu para não ser identificada porque a informação é privada. A empresa captou no mercado externa pela última vez há mais de um ano, vendendo notas com vencimento em 2030 com cupom de 5%, que agora são negociados com yield de 4%.

A Embraer está realizando emissão benchmark de bonds de sete anos com rendimento de 7%, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto. É a primeira venda de bônus em dólares da fabricante desde 2017, quando emitiu notas com vencimento em 2027 e cupom de 5,4%. Os bonds da empresa caíram para mínima histórica de 67 centavos por dólar em março, quando a pandemia interrompeu o tráfego aéreo e o acordo com a Boeing foi encerrado, e atualmente está sendo negociado a um rendimento de 6,3%.

Ambas as captações devem ser precificados na quinta-feira.

Ligações de petróleo

A oferta de recompra da Petrobras, que expira em 16 de setembro e inclui cerca de 20 títulos vencendo entre 2022 e 2049 totalizando cerca de US$ 4 bilhões, acontece no mesmo dia em que a Polícia Federal deflagrou a 74ª fase da Lava Jato para investigar esquema de possíveis fraudes de câmbio comercial contratados pela Petrobras com banco de São Paulo entre 2008 a 2011.

A Petrobras informou em nota que conduz apurações internas e, neste caso, colaborou ativamente com as autoridades nos trabalhos de investigação e forneceu subsídios que resultaram nesta operação. A estatal afirmou ainda sua tolerância zero em relação à fraude e à corrupção.

A onda de novas emissões também inclui a recém-chegada Petro Rio. A empresa iniciou esforços para vender até US$ 450 milhões em notas com vencimento em 2025, segundo comunicado.

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